São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Econômico leva R$ 2,95 bi do governo

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BC (Banco Central) vai consumir R$ 2,950 bilhões do Proer com o Econômico. Deste total, R$ 750 milhões serão em dinheiro para viabilizar a sua venda ao Excel.
Os R$ 2,2 bilhões restantes serão destinados, segundo o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), para quitar parte da dívida do Econômico com a linha de redesconto do BC -que socorre instituições em dificuldades de caixa.
O senador disse que, nesse caso, o dinheiro não sairá agora do BC. Ele já foi gasto antes pelo BC para pagar parte da dívida com o redesconto, que é de R$ 3,5 bilhões.
Esses recursos foram emprestados ao Econômico antes da sua intervenção, em agosto de 95.
O Proer é o programa com juros subsidiados criado para incentivar a fusão de bancos.
O total de gastos do Proer com o Econômico representa mais de quatro vezes da verba da FAE (Fundação de Assistência do Estudante) nesse ano -R$ 700 milhões- para merenda escolar. Seria suficiente também para a construção de 453 mil casas populares.
O empréstimo de R$ 750 milhões foi informado ontem aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos pelo presidente do BC, Gustavo Loyola. Nenhum senador questionou o valor. Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) chegou a elogiar o BC.
O Excel pode receber ainda outro empréstimo do Proer, de R$ 200 milhões, para reestruturação e modernização do novo banco.
Os R$ 750 milhões servirão para equilibrar ativo (créditos a receber) e passivo (obrigações com clientes) e terão como garantia títulos públicos previstos na MP (medida provisória) das fusões.
Os títulos dados como garantia são moedas podres -FCVS, TDAs e outros- e têm baixa aceitação no mercado. São vendidos com deságio (desconto) de até 60%.
O financiamento do Proer será dado ao banco Econômico quebrado. Com o banco equilibrado, ele será repassado para o Excel.
O capital do novo Excel/Econômico será de R$ 500 milhões, já incluída a participação estrangeira e R$ 200 milhões de fundos de pensão.
Perfil
O novo banco terá ativos e passivos em valor igual a R$ 2,4 bilhões e poderá ter um porte um pouco menor do que o ex-Econômico, disse Loyola.
O total de ativos que continuará no banco velho Econômico é de R$ 3,5 bilhões, segundo Loyola. Entre esses ativos estão as participações petroquímicas e em outras empresas não-financeiras.
O Excel não pagará ágio pela compra do Econômico, disse Loyola. A justificativa é que o novo banco exigirá investimentos e providências que vão demandar queima de recursos.

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