São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Livro traz sinais de fraude

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A matriz inglesa da KPMG Peat Marwick, empresa que auditava os balanços do Banco Nacional e não detectou qualquer fraude, publicou um livro em 1994 sobre fraudes em empresas, em que descreve alguns tipos de fraude de que o Nacional é suspeito.
Além de descrever as fraudes, a KPMG mostra, no quinto capítulo, dedicado a fraudes no setor financeiro, sinais que devem exigir cuidado dos auditores. Entre os itens destacados estão os empréstimos para tomadores fictícios e a camuflagem da qualidade dos ativos.
A KPMG brasileira disse, por sua assessoria de imprensa, que segue as recomendações do livro "Fraud Watch - A Guide for Business" (em tradução livre, "De Olho na Fraude - Um Guia para Negócios"), lançado em 19 94 pela editora inglesa Accountancy Books.
O item de tomadores fictícios de empréstimos, segundo relata o BC (Banco Central) na notícia-crime para a Procuradoria da República, teria sofrido uma adaptação, pois os tomadores de fato existem. Suspeita-se que não realizaram efetivamente os empréstimos.
Segundo Marcelo Alcides Gomes, da GBE Peritos e Investigadores Contábeis, os fraudadores do sistema financeiro são os mais hábeis entre todos os setores da economia.
Um dos itens que a KPMG inglesa destaca para se detectar empréstimos fictícios é a existência de muitos empréstimos com o mesmo valor. A maioria das 652 contas sob suspeita do Nacional têm empréstimos entre R$ 7 milhões e R$ 8 milhões.
Também é necessário observar se clientes comerciais ou grandes tomadores de empréstimos (pessoas físicas) não são conhecidos do staff do banco.
A Folha revelou que gerentes de agências do ex-Nacional não sabiam de clientes com empréstimos vultosos entre as transações suspeitas.
Ao falar da camuflagem da qualidade dos ativos, a KPMG destaca que deve ser visto se há estruturas complexas em segredo. As 652 contas eram inacessíveis pelo sistema normal de informática do banco.

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