São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996 |
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Autor de denúncias contra deputados usa verba do IPC
DANIELA PINHEIRO
Carvalho tem-se mostrado crítico frequente do IPC -o instituto que garante aposentadoria privilegiada aos parlamentares- e de outros benefícios que considera "mordomias" aos congressistas. O empréstimo foi usado para financiar a compra de um carro modelo Quantum -avaliado em R$ 22 mil. O restante foi gasto em despesas não especificadas. O empréstimo é legal e faz parte de um plano de benefícios concedidos aos parlamentares que contribuem para o IPC. O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), também comprou um automóvel com recursos do fundo. O plano de pagamento é generoso: divide-se o total do empréstimo em até 24 vezes a juros de 1,81% ao mês. O juro de mercado para esse tipo operação gira hoje em torno de 6% a 10%. Cada parcela é descontada direto na folha de pagamento. Críticas A tomada de empréstimo foi criticada por alguns parlamentares, como o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ). "Ele (Carvalho) não tem condições morais de nos julgar. Ele está batendo em pontos onde ele tem o rabo preso. Eu mesmo não pego empréstimo do IPC." Carvalho é um dos principais defensores da extinção do IPC. Ele vem denunciando há duas semanas o desperdício de dinheiro público na manutenção e reforma de imóveis ocupados por parlamentares. Segundo pesquisa feita por Carvalho no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), foram gastos R$ 12 milhões em um ano na reforma e compra de mobília para imóveis de deputados e senadores. O deputado José Genoino (PT-SP) disse ser contra o empréstimo. "Como sou contra o IPC, não recorro a ele. Já precisei desse dinheiro, mas preferi pagar juros bancários para não sofrer esse constrangimento." O diretor-executivo do IPC, Afrísio Vieira Lima, disse que "não há nada demais em solicitar os empréstimos". Descontos O IPC oferece dois tipos independentes de empréstimo: um para financiamento de automóveis e outro para despesas próprias de cada parlamentar. O primeiro empréstimo de Carvalho foi feito em maio para a compra do carro. Ele recorreu ao sistema de financiamento que estabelece um teto de R$ 40 mil para a negociação. Ele requereu R$ 22 mil. Até o momento, pagou R$ 12,2 mil. A última prestação foi de R$ 1.258. Texto Anterior: Parlamentares cobram de FHC conta do fisiologismo Próximo Texto: "Fiquei apertado, mas sou contra" Índice |
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