São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Hospitais do SUS cobram atendimento

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

Os hospitais de Base, Santa Isabel e Manoel de Abreu, de Bauru (345 km a noroeste), começaram ontem a cobrar, a título de "doação espontânea", os atendimentos médicos de urgência feitos pelo SUS (Serviço Único de Saúde).
Os valores pedidos são R$ 1 (exames laboratoriais), R$ 2 (consultas médicas), R$ 5 (exames radiológicos) e R$ 10 (engessamentos).
Esses valores são semelhantes aos pagos pela Previdência Social aos hospitais por atendimentos gratuitos à população.
O assessor da diretoria da Associação Hospitalar de Bauru, que administra os hospitais, Zarcilo Rodrigues Barbosa, 54, negou que estejam sendo cobrados serviços que deveriam ser gratuitos.
"O que estamos pedindo são doações. A pessoa dá se quiser. Se não der, será atendida da mesma forma", disse Barbosa.
Ontem, segundo os hospitais, foram arrecadados R$ 500 em doações feitas por pacientes.
Ao mesmo tempo, os três hospitais suspenderam os atendimentos clínicos e cirúrgicos que não são considerados de emergência feitos para a Previdência Social.
Os três hospitais atendem 30 mil pessoas por mês. Eles são responsáveis por mais de 80% dos atendimentos médicos na cidade.
Bauru tem, além desses três hospitais, a Beneficência Portuguesa, que não atende pacientes do SUS.
O SUS informou ontem que os hospitais podem receber doações. Mas não podem cobrar atendimentos e depois remeter faturas para a Previdência Social.
O superintendente da associação, Reinaldo Rocha, 39, disse que os hospitais decidiram pedir doações por causa de dificuldades financeiras.
A associação diz que tem uma dívida de R$ 2 milhões com fornecedores.
Barbosa disse que a receita mensal dos três hospitais de atendimentos para o SUS é de R$ 1 milhão. "Porém, o SUS pagou R$ 718 mil neste mês porque não repassou os 25% de reajustes anunciados em outubro."
"Já temos R$ 1,1 milhão retidos pela previdência, desde outubro, e não sabemos quando vamos receber, pois o governo não autorizou o repasse", disse Barbosa.
Ontem à tarde, a direção da Associação Hospitalar foi informada que o governo liberaria ainda hoje R$ 600 mil para a manutenção do atendimento.
A dona-de-casa Maria Cosin Alves, 48, disse ontem que não se importou de pagar R$ 2 por uma consulta. "Não houve exigência. Eles pediram e disseram que eu não era obrigada, mas explicaram os motivos", afirmou ela.

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