São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996
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Itamar passa a criticar atuação de FHC

JOSIAS DE SOUZA
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO

O ex-presidente Itamar Franco transformou-se em crítico severo do governo Fernando Henrique. Ele condena várias iniciativas da atual gestão, entre elas o Proer, programa oficial de socorro a bancos privados.
Itamar esteve ontem com Fernando Henrique Cardoso, no Rio. Além do Proer, fez restrições à condução da política econômica. Acha que a ação do governo nessa área tem gerado desemprego excessivo.
Classifica como um erro o plano de privatizar a Companhia Vale do Rio Doce. Ele suspeita que o governo esteja preparando também a venda do Banco do Brasil. Uma idéia que abomina.
O ex-presidente está no Brasil desde a Páscoa. Em público, nega qualquer divergência com o governo. Aos amigos, derrama-se em críticas.
Renúncia
Chega mesmo a dizer que, para evitar constrangimentos a Fernando Henrique, estaria disposto a abrir mão de sua indicação para o posto de embaixador do Brasil junto à OEA (Organização dos Estados Americanos). Basta um pedido de FHC.
Embora ainda responda pela embaixada brasileira em Lisboa, Itamar já foi indicado representante brasileiro na OEA. Teve seu nome aprovado pelo Senado. Iria para Washington, onde funciona a entidade, nos próximos dias.
Ontem, em almoço com José Aparecido, seu antecessor na embaixada de Lisboa, disse que o fato de ocupar momentaneamente postos diplomáticos não o impedirá de criticar o governo sempre que julgar necessário.
Segundo o seu raciocínio, a condição de ex-presidente lhe dá uma espécie de salvo-conduto para manifestar-se livremente, a despeito de ocupar funções diplomáticas.
Reeleição
Itamar se diz contrário à tese da reeleição. Acha, de resto, que o governo foi inábil ao antecipar a discussão do tema. Pouco importa, a seu ver, mudar ou não a Constituição. O que definirá as chances de reeleição de FHC é o desempenho de seu governo.
Em sua passagem pelo Brasil, Itamar agendou encontros com desafetos do governo. No último final de semana, encontrou-se com Paes de Andrade, presidente do PMDB. Nos próximos dias, falará com José Sarney, presidente do Senado.

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