São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996
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Setor administrativo faz 'rebelião'

ANA MARIA MANDIM
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A exclusão dos auxiliares administrativos do Banco Central do aumento concedido para o corpo técnico da instituição gerou protestos que culminaram, ontem, com um cerco ao gabinete do presidente do BC, Gustavo Loyola.
O cerco, que durou praticamente todo o dia de ontem, foi comandado pelo Sindicato dos Bancários.
A movimentação começou às 10h30, quando funcionários liderados por sindicalistas subiram ao 20º andar do BC, onde está o gabinete de Loyola.
Os funcionários se postaram na entrada e na saída da ante-sala e junto à porta do gabinete do presidente do Banco Central.
'Plantão'
O "plantão" continuou à tarde. O almoço dos que mantinham o cerco chegou em marmitas de amianto com arroz, feijão, macarrão, farinha e carne de panela. A maioria comeu sentada no chão.
Diante do cerco, Loyola marcou audiência para receber representantes dos funcionários no início da noite de ontem. Por volta das 19h30, os representantes continuavam reunidos com o presidente do Banco Central.
O sindicato, por sua vez, marcou assembléia no auditório do banco às 15h30. A reunião, acompanhada por cerca de 300 funcionários, foi suspensa e adiada para depois do encontro com Loyola.
Ficaram de fora da revisão salarial os auxiliares administrativos -cerca de 720 funcionários em todo o país, dos quais quase 400 em Brasília.
Discriminação
Os funcionários administrativos, a maioria há 19 anos no banco, consideraram "segregação" a decisão da diretoria do BC.
Enildo Amaral, auxiliar administrativo formado em administração de empresa pública e privada pela Universidade Católica de Brasília, disse que a direção do BC havia prometido um novo plano de cargos e salários aos funcionários.
Mas teria mudado de idéia, de uma hora para outra.
Os auxiliares administrativos têm salário-base de R$ 436,00. Para técnicos e procuradores, esse salário é de R$ 822,00. Os auxiliares entram no BC por concurso e muitos têm curso superior.
A revisão salarial havia sido aprovada anteontem pelo CMN. Diante da confusão criada pela medida, o BC resolveu enviar um novo voto ao conselho, suspendendo temporariamente a concessão dos benefícios.

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