São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996
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Sobe para 40 número de mortos em PE

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Mais dois pacientes do IDR (Instituto de Doenças Renais) de Caruaru morreram ontem no Hospital Barão de Lucena, em Recife. Agora são 40 os pacientes mortos do IDR -36 tendo como causa a contaminação pela toxina microcistina-LR.
Os médicos do hospital vão testar um novo tratamento para tentar evitar novas mortes.
Eles vão retirar plasma (parte líquida coagulável do sangue) de um paciente e substituí-lo por um plasma de um doador ou soro fisiológico, para averiguar se isso reduz os efeitos da toxina microcistina-LR, que tem causado a morte dos doentes.
O paciente do qual será retirado plasma para o teste é José Daniel Barbosa, 20, que está na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).
Ontem, morreram Severino Cirilo de Lima, 50, e Antônio da Silva Leite, 46. Eles haviam sido transferidos de Caruaru no dia 23 de março e estavam na UTI desde o dia 10. Continuam internados 67 pacientes, um em estado grave.
Pensão
Em Recife, o deputado estadual Roberto Liberato (PL) apresentou ontem um projeto de lei na Assembléia Legislativa propondo a concessão de pensão para os parentes das vítimas do IDR.
O valor da pensão não foi estipulado. O projeto deve ser votado na próxima semana.
Na segunda-feira, uma comissão de sete deputados federais vai estar em Pernambuco para recolher informações sobre o caso.
Abastecimento
O secretário da Saúde de Pernambuco, Jarbas Barbosa, descartou ontem "qualquer risco" de a população de Caruaru vir a ser contaminada pela água que abastece a cidade.
A toxina microcistina-LR foi detectada pela pesquisadora Sandra Azevedo em amostras do reservatório de água da cidade.
Quando presente na água da hemodiálise, a microcistina-LR pode causar hepatite tóxica, que paralisa o funcionamento do fígado.
Além disso, segundo relatório encaminhado pela pesquisadora Azevedo à Secretaria da Saúde, o consumo "de água contaminada com esta toxina tem estreita correlação com a ocorrência de casos de câncer no fígado".
Por isso, a pesquisadora recomenda "a necessidade urgente de uma avaliação precisa da qualidade de água que está sendo usada".
O secretário explicou que no processo que vai da coleta da água no reservatório até a torneira dos usuários a água passa por um sistema de tratamento que elimina a toxina.
No IDR, houve a contaminação porque teria sido usada água bruta, sem tratamento, disse ele.

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