São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996
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McDonnell e Airbus fazem superaviões

Empresas competem para superar 747

IGOR GIELOW
DE LONDRES

Um superavião, projetado para bater o norte-americano Boeing 747 em número de passageiros, é a menina dos olhos da indústria aeronáutica em 1996.
Na sexta-feira, a McDonnell Douglas apresentou projeto de um avião para mais de 400 passageiros. A empresa norte-americana, que é a terceira maior fabricante de aeronaves civis do mundo, não quis falar em custos e prazos.
Há duas semanas, o consórcio europeu Airbus (segundo no ranking) anunciou investimentos de até US$ 10 bilhões para lançar seu superavião para até 650 passageiros até 2003.
A motivação das duas empresas é a mesma: conquistar um pedaço de mercado exclusivo do 747, o famoso Jumbo, que compreende aeronaves que transportam mais de 400 passageiros.
Hoje, apenas o 747-400 pode carregar tanta gente. Em configurações sem divisão interna por classes, o número pode saltar à casa dos 500 passageiros.
A preocupação é justificável. O mercado mundial de aviação comercial transportou mais de 1,2 bilhão de pessoas no ano passado, em 15 mil aparelhos.
Até o ano 2005, essa demanda deve dobrar.
Outro ponto de disputa é o fato de que a Boeing dita o preço do Jumbo, uma vez que ele é único, e pode dar descontos em aeronaves menores das faixas mais competitivas do mercado.
Adaptações
O novo presidente da Douglas Aircraft (divisão civil da McDonnell Douglas, que é a líder do mercado de aviação militar), Michael Sears, anunciou que a nova aeronave será uma "irmã maior" do carro-chefe da empresa, o MD-11, que transporta 300 passageiros.
Seus concorrentes diretos são os Airbus A-330, A-340 e o recém-lançado Boeing 777.
Todos esses aviões usam a configuração "widebody", ou seja, têm fuselagem com diâmetro maior para ampliar o espaço interno.
Em termos econômicos, o plano da McDonnell segue o da Airbus Industrie quando fez os "gêmeos" A-330 (bimotor, 335 passageiros) e A-340 (quadrimotor, 295 passageiros): usar o mesmo "molde" e apenas esticar a fuselagem e aumentar as asas. Analistas afirmam que isso é até 50% mais barato do que planejar uma nova aeronave.
A Boeing, líder de metade do mercado mundial de aviação civil, também tem seus planos.
A versão 600X do Jumbo, que pode ser lançada antes do fim do século, deve carregar mais de 500 passageiros em configuração com divisão por classes.
China
O mercado asiático, que responde por cerca de um terço do total mundial, é o maior desafio da indústria. Para os próximos 20 anos, estudo da Boeing estimou que cada uma das "grandes" terá que investir até US$ 1 trilhão. Seriam necessários 10 mil aviões por indústria para dar conta do mercado.

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