São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996
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Cattani acusa dirigente de 'mentir'

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-árbitro de futebol Wilson Roberto Cattani, envolvido em denúncias de corrupção no Campeonato Paulista, chamou de "mentiroso" o presidente do Catanduva, Adauto Donizete Menino.
"Se ele disse que me viu na sala do Laerte Alves, é mentira", afirmou Cattani.
Alves, presidente do Botafogo de Ribeirão Preto, e Cattani são suspeitos de terem montado um esquema para fabricar resultados a favor do clube no Campeonato Paulista da Série A-2 de 1995.
O Botafogo subiu neste ano à Série A-1, a principal do Estado.
Menino, em depoimento que está registrado no inquérito do caso, afirmou que viu Cattani e Alves juntos na sala da presidência da sede do Botafogo.
'Armação'
Cattani voltou a afirmar que só fora ao Botafogo para apanhar uma camisa do clube pedida por um parente seu.
Ele negou que tenha se encontrado com Alves nessa ou em qualquer outra oportunidade.
"Já disse mais de mil vezes que não o conheço."
Laerte Alves também alegou que não conhece Cattani e acusou-o de fazer parte de uma "armação" para prejudicá-lo.
"É por isso que ele me telefonou tantas vezes e até foi na festa do Botafogo. Aliás, pelo que sei, quem o levou foi o Nélson (Giacomini, dirigente do clube em 95 e hoje inimigo político de Alves)."
O presidente do Botafogo disse também que os depoimentos, que citam o seu envolvimento com Cattani, não merecem crédito.
"Não se pode acreditar no que meus inimigos dizem."
Alves ressalvou, no entanto, que Menino, justamente a testemunha que disse ter visto Cattani com o presidente do Botafogo, não está no seu grupo de desafetos.
"O Donizete é muito meu amigo", disse Alves.
O inquérito foi instaurado quando o conteúdo da "fita do suborno" -gravações entre um jornalista de Ribeirão Preto e Cattani, na qual este aponta a existência do suposto esquema de fraudes- foi revelado pela Folha a partir de 18 de outubro passado.
A polícia deve ter, em dois dias, as contas telefônicas e os extratos bancários de alguns envolvidos.
Essas informações serão fornecidas pela Telesp, pela Ceterp (respectivamente, as companhias telefônicas de São Paulo e Ribeirão Preto) e pelo Banco Central.
O inquérito já contém algumas evidências materiais, como cópias de contas telefônicas de linhas que pertencem a Cattani, a Alves e ao diretor de futebol do Botafogo, Mário Defelicibus.
A Folha apurou que houve mais de 400 telefonemas entre os aparelhos de Cattani e Alves.

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