São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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'Rua é prejuízo; é só desacerto'

LALO DE ALMEIDA; ROGÉRIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

J.E.S., 15, o "Copan", na Febem desde dezembro, diz que não quer nunca mais voltar para a rua. "É prejuízo. É só desacerto", diz.
Copan saiu da casa da mãe, no Brás (centro), há seis anos. Chegou a morar um tempo com a avó, no Bairro dos Pimentas (zona leste), mas voltou para a rua quando ela morreu, em 1992.
O pai saiu de casa quando ele tinha seis anos e foi morar na Bahia. Ele diz que quando sair da Febem vai para a casa da irmã Kátia, 16, que mora com o marido.
Copan diz que não fez muitos amigos na rua. "Minha única amiga era a 'Batatinha', que me salvou uma vez quando minha blusa pegou fogo", diz.
Ele conta que estava com uma turma de garotos na avenida Paulista, mexendo com álcool, quando alguém jogou um fósforo.
"Estava com uma blusa de lã, que começou a pegar fogo. A Batatinha e um tio que estava na rua me ajudaram", diz. Ele afirma que nunca mais a encontrou.
Copan conta, com uma certa dose de tristeza, que passou o último Natal e Ano-Novo na Febem. "Nunca tinha passado fora de casa", diz.
Ele afirma que a mãe não o visita mais na Febem. "Ela disse que se eu fosse preso de novo ela não viria me ver", diz.
No início, ele conta, quando ia para a Febem, a mãe ainda brigava e batia nele.
"Agora, ela diz que não adianta nada mesmo", afirma.
(LA e RW)

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