São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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É preciso saber identificar os sinais de ameaça ao emprego

ENRIQUE JURADO
DO "EL PAÍS"

A pior atitude a tomar é se fazer de avestruz, tentando esconder o problema. Qualquer funcionário de uma empresa, especialmente se é dirigente ou executivo, precisa ser o primeiro a detectar as situações que ameaçam seu emprego.
Existem sinais, indícios e luzes vermelhas que, corretamente interpretados, ajudam a superar uma situação que, de outro modo, poderia resultar em demissão.
É claro que não é o caso de passar o tempo todo obsessivamente procurando tais sinais de alarme, mas de adotar uma postura ativa que o impeça de ser progressivamente postergado e marginalizado do núcleo central da empresa.
Para Jaime Bernabéu, diretor da divisão de consultoria da Price Waterhouse, a causa mais frequente de demissões de dirigentes e executivos é a idade.
A marca dos 50 anos é uma idade de alto risco para os executivos que se permitiram "criar fama e deitar na cama", afirma.
Vale observar que, nesses casos, o problema principal não é a idade em si, mas as consequências de um possível processo de perda de motivação profissional ou falta de interesse do executivo em continuar atualizando seus conhecimentos.
Domínio de idiomas
Segundo Bernabéu, no caso de multinacionais, esses executivos são frequentemente substituídos por jovens com domínio de idiomas estrangeiros, que passam a depender de um executivo com experiência na matriz da empresa.
Esse processo de reeducação de executivos tem sido visível nos últimos quatro anos, nos chamados serviços centrais das empresas.
Esses serviços praticamente desapareceram nas multinacionais, passando para a matriz.
É claro que, na maioria dos casos, razões internas -como falta de motivação e perda de competitividade- se somam às externas -mudanças no ambiente geral, dificuldades do setor e mau desempenho da companhia.
As transformações no ambiente econômico acontecem em ritmo vertiginoso e exigem dos profissionais uma adaptação contínua.
Informática
Até cinco anos atrás, por exemplo, o computador não passava de um instrumento decorativo. Hoje, porém, é uma ferramenta imprescindível para o trabalho cotidiano de qualquer profissional.
Situações tão frequentes nos últimos anos em todo o mundo, como mudança dos acionistas e fusões ou reversões nos objetivos estabelecidos pela empresa, constituem sinais de alarme -e eles não devem passar despercebidos.
No caso de uma fusão ou aquisição, os acionistas continuam sendo os mesmos, mas as consequências podem ser semelhantes: para poder aproveitar as vantagens da fusão ou aquisição, a empresa põe em prática mudanças organizativas, para adequar-se à nova etapa.
Mas a razão mais frequente pela qual um diretor ou executivo pode perder seu emprego está estreitamente ligada aos resultados econômicos que obtém.
Na realidade, essa circunstância (maus resultados obtidos no final do exercício) não é mais do que consequência de aspectos relacionados com problemas internos ou derivados da situação econômica do setor que engloba a empresa.
Com relação ao primeiro caso, as causas internas se relacionam à ausência de expectativas de progresso profissional, falta de motivação e remuneração insuficiente.

Tradução de Clara Allain.

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