São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Teco e Neco se divertem com rótulos

Irmãos assumem 'o bom e o mau'

SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A fama de radical começou a perseguir o surfista catarinense Neco Padaratz, 19, desde que contava oito meses de idade.
Filho de uma família classe média do sul do país, ele acabou, ainda bebê, sendo um dos atingidos pelo surto de meningite que apareceu na cidade de Chapecó (SC).
Foi o primeiro de uma série de sustos que o filho caçula da família Padaratz pregaria na família.
Contrariando todos os prognósticos médicos, Neco escapou da doença depois de, para assombro geral da família, ter entrado e saído 14 vezes de coma.
Daí por diante, Neco proporcionaria outras situações de nervosismo, tanto para os pais como para os irmãos Teco e Charles.
"Ele sempre soube como fazer para me tirar do sério", conta Teco Padaratz, 24, a versão "good boy" da família.
Neco não tem certeza, mas acha que a fama de "bad boy" começou a surgir no dia em que ele decidiu cair nas águas de Camboriú (SC).
Avesso a compromissos, surfando por prazer, viu o irmão Teco iniciar uma carreira de sucesso, que, além de prêmios, já inclui a conquista de algumas etapas do competitivo World Championship Tour (WCT), a primeira divisão do surfe mundial.
Ao contrário do irmão, Neco ainda engatinha no circuito.
Sua primeira vitória aconteceu em novembro passado, na praia da Joaquina (SC), quando levou o título de campeão da etapa do World Qualifying Series (WQS), a segunda divisão do surfe mundial.
A comemoração foi ao estilo Neco: muitos convidados consumiram coquetéis explosivos de cerveja com pinga -nem o surfista campeão fugiu do porre.
"Não sei se sou doido. Sei que adoro viver. Às vezes detono. Mas quem nunca detonou?", diz Neco.
Apesar das comparações, não considera o irmão uma sombra.
"Quando competimos juntos, ele deixa de ser meu irmão e vira outro surfista. E hoje começo a ser reconhecido pelo meu surfe e não por causa dele. Se fosse igual a ele ia ser um porre", diz Neco.
Confusões
Conhecido por seu bom-mocismo, Teco Padaratz já perdeu as contas do número de confusões em que viu o irmão envolvido.
A mais grave aconteceu no ano passado, no Farol de Santa Marta (SC), quando Neco e a namorada capotaram com o carro.
"Foi uma sensação de loucura. Bobeei e derrapei em um areião que fica por cima da estrada. Foi um dos sustos mais incríveis que já levei", lembra Neco.
Em 92, acabou com uma festa do surfe em Florianópolis. Começou a destruir a boate, após tocar um rock "heavy metal" na bateria ao lado do irmão.
"Teco tem um jeito de ser, e o Neco tem uma personalidade forte. É só isso", defende Perci, o pai.
Avô de Júlia, a primeira neta, filha de Teco e Gabriela, Perci não esconde que o caçula deu-lhe grandes dores de cabeça. "Com a idade, ele vai ficar mais calmo."
Neco concorda quando lhe dizem que é um sujeito ansioso. "Às vezes, falam coisas a meu respeito que não sei de onde surgiram. Com isso, fazem uma imagem errada a meu respeito. Mas o que fazer?", indaga o surfista.
Teco é um dos primeiros a sair em defesa dele. "Todo mundo diz, mas ninguém prova que ele é drogado e que apronta porque é maluco. Não é nada disso. No fundo, Neco é uma das pessoas mais legais que eu conheço", afirma.

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