São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996 |
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Violência em casa é comum
GILBERTO DIMENSTEIN; PATRICIA DECIA
O menino foi convidado a explicar o que significava aquela cena. O garoto, sem hesitar, disse que o homem armado era seu pai. O depoimento surpreendeu a todos, mas o fato é apenas o extremo de um fenômeno comum no bairro: a violência doméstica. A menina Elisa Izquierdo foi uma das vítimas. Seu assassinato, em novembro de 1995, chocou a cidade. Sua mãe, viciada em crack, espancou a garota até a morte, por achar que ela estava possuída pelo demônio. 'Força de paz' Lachelle Lett, 22, trabalha voluntariamente com crianças e adolescentes que enfrentam esse e outros problemas, como a dependência de drogas. Ela é uma "peacemaker"(literalmente, construtora da paz), nome dado aos integrantes do grupo que usa a aproximação individual e o diálogo para desestimular a violência nos bairros pobres. Eles são jovens e atuam na própria comunidade onde cresceram. Para Lachelle, isso facilita as coisas, já que há uma grande identificação entre quem oferece e quem procura ajuda. Participando das atividades extracurriculares da Contee Cullen Beacon School, Lachelle encontrou até crianças pequenas que sofriam com a dependência de crack. "Vi três casos assim. Você percebe o problema pelo próprio comportamento da criança", diz. Segundo ela, o contato das crianças com a droga aconteceu dentro da casa. Nas ruas, o trabalho do "peacemaker" é se aproximar dos adolescentes que, sem outras opções, acabam se envolvendo em gangues, brigas e no tráfico de drogas. "Queremos mostrar que há outro caminho", diz. (GD e PD) Texto Anterior: Escola do Harlem 'compete' com traficantes Próximo Texto: Número de milícias quadruplica nos EUA Índice |
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