São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Japoneses testam no MS dieta para a longevidade

MYRIAN VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Três pesquisadores brasileiros e 12 japoneses estão tentando provar que uma dieta à base de algas marinhas e gordura de peixe pode aumentar o tempo de vida das pessoas e diminuir doenças relacionadas à hipertensão. Os testes estão sendo feitos com descendentes de japoneses da ilha de Okinawa que vivem em Campo Grande (MS). A pesquisa, resultado de uma parceria entre a Universidade de Okinawa, no Japão, e a PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), é supervisionada pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
'Mundo todo'
Caso a teoria seja confirmada, a dieta será recomendada "ao mundo todo" pela organização, segundo um dos membros da equipe, o professor japonês Yukio Yamori, 58, da OMS e da Escola de Estudos para o Desenvolvimento Humano, da Universidade de Kyoto.
Campo Grande foi escolhida para os testes por ter a segunda maior comunidade de descendentes de Okinawa. Só perde para o Havaí. A pesquisa checou a saúde e a alimentação de 200 pessoas entre 50 e 55 anos em Campo Grande e em Okinawa. A OMS aponta os habitantes de Okinawa como os de maior expectativa de vida no mundo. Para cada 100 mil, 20 ultrapassam os 100 anos.
Hipótese
Em Okinawa, o homens vivem em média até os 80 anos, e as mulheres, até os 84, segundo o pesquisador Yukio Moriguchi, 70, da PUC-RS, coordenador da pesquisa no Brasil.
A hipótese da pesquisa é a de que a alimentação à base de peixe e algas marinhas seja a responsável pela longevidade dos habitantes da ilha, por contribuir para a prevenção de infartos, colesterol, pressão alta e outras doenças.
No Mato Grosso do Sul -onde os descendentes de okinawenses são mais obesos, usam remédio, comem carne diariamente e consomem mais sal que os habitantes da ilha-, a proporção dos que ultrapassam os 100 anos é de 6 para cada 100 mil habitantes -três vezes menor que a média verificada em Okinawa. Na atual fase da pesquisa, os descendentes de okinawenses do Mato Grosso do Sul estão consumindo, durante três meses, um concentrado de algas marinhas e gordura de peixe desenvolvido na Universidade de Okinawa.
"Apesar de terem até parentesco com os habitantes da ilha, as pessoas aqui vivem menos", afirmou Yukio Moriguchi.
O pesquisador não revelou a quantidade de concentrado a ser consumida nos três meses. "O resultado da pesquisa e outros dados deverão ser divulgados com exclusividade à comunidade científica", afirmou.

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