São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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"Brasil Legal" reestréia em nova fase

GILBERTO DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O primeiro programa da nova fase de "Brasil Legal", que vai ao ar amanhã, às 21h40, pela Rede Globo, reflete a busca por mudanças que marca o trabalho da atriz Regina Casé, 42.
"O que seria um especial sobre comunicação via satélite acabou virando um documentário sobre o Ceará. Descobrimos que o cearense é o judeu brasileiro, um povo espalhado pelo mundo, que está sempre se ajudando e que tem a maior vocação para ganhar dinheiro", diz Regina.
A nova fase do "Brasil Legal" -programa que sempre esteve atrelado às viagens de Regina pelo país- tem como ponto de partida o encontro casual de Regina Casé com seus entrevistados. Não necessariamente em viagens.
"Percebemos que não é preciso ir até o Amazonas para conhecer alguém com quem possamos conversar", diz Regina.
Para Regina, que no programa de amanhã visita o Cariri (cidade ao sul do Ceará) para mostrar o projeto cultural de Allemberg Quindins com 200 crianças de rua, é possível descobrir alguém especial num passeio até a esquina.
Estar em contato com personagens geniais é, segundo a atriz, uma experiência que vicia.
"Parece uma droga que altera a percepção. Durante a viagem, conheço as pessoas mais interessantes, os lugares mais incríveis e as comidas mais deliciosas. No final a gente fica meio careta."
Marmita no motor
A diretora-geral do programa, Sandra Kogut, conta que, no próximo programa, Regina fará uma viagem pelo Rio de Janeiro percorrendo o itinerário de três linhas de ônibus distintas.
Numa dessas viagens, Regina acaba esbarrando com o motorista Isaías Monteiro de Oliveira, 41.
Há mais de 20 anos na profissão, ele dorme três horas por dia, pega três ônibus até chegar ao trabalho e esquenta a marmita no motor do ônibus que dirige.
"Misturar tudo isso é uma tarefa que pouca gente pode ou está a fim de fazer. Me sinto à vontade para isso porque sou meio preta e branca, rica e pobre, artista e povão", afirma Regina.
A atriz diz que nunca pensou em fazer teatro infantil por não gostar de uma unidade na platéia.
"Eu gosto das coisas misturadas. Se eu fosse convidada para trabalhar na MTV, onde, para falar com os teens, teria que sacudir o corpo de um lado para o outro, não aceitaria."
Na Globo, Regina brinca que faz um programa com ninguéns e para ninguém.
Para ela, morar "num ponto equidistante entre a favela da Rocinha e a Rede Globo" só reforça as suas teorias sobre os benefícios da mistura.

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