São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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'Flamenco' mostra vertentes do estilo

Filme do diretor espanhol Carlos Saura abre Festival Latino

CELSO FIORAVANTE
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

A 12ª edição do Chicago Latino Cinema Festival começou na noite de sexta-feira com a apresentação de gala do filme "Flamenco", do diretor espanhol Carlos Saura.
A escolha foi das mais acertadas. Com "Flamenco", a organização do evento optava por um sentimento maior de "hispanidad" e não corria o risco de apostar em alguma das nacionalidades latino-americanas e perder.
Com fotografia do italiano Vittorio Storaro (preferido de Francis Ford Coppola, Bertolucci e outros), "Flamenco" é a exposição, de maneira extremamente didática, das várias vertentes deste baile espanhol (bulería, fandango, martinete, soléa e outros).
Começa com uma explicação, em off, de que o "Flamenco" teria surgido em meados do século 19 a partir da mistura das várias culturas que frequentaram a Andaluzia, no sul da Espanha, até o momento, como gregos, árabes, ciganos e indianos.
Clipes
A partir daí, Saura se limita a colocar uma câmera em frente a um palco e filmar apresentações de cerca de 20 grupos flamencos, como Fernando de la Morena, Paco de Lucia, Manuel Moneo, Agujeta e Joaquín Cortés. A estrutura é de uma série de clipes de flamenco.
Com a apresentação de cerca de 300 cantores, bailarinos e dançarinos, Saura consegue afastar qualquer idéia estereotipada do baile espanhol. Consegue, por exemplo, mostrar que é no flamenco que o sapateado ainda é capaz de mostrar toda a sua força expressiva.
Em um dos números apresentados, três bailarinos conseguem transmitir sentimentos como amor, angústia e tragédia apenas com a coreografia de seus pés. Os espectadores aplaudiram depois de cada apresentação, como se estivessem em um show de flamenco ao vivo.
O momento mais constrangedor foi a apresentação do "pavão" Joaquín Cortés, o novo queridinho da mídia.
O modelo e bailarino, que insiste em se apresentar sem camisa, tirou risos da platéia em vários momentos com as caras e bocas que insistia em fazer durante a coreografia. Ele se apresenta com sua companhia no Rio de Janeiro em maio.
A qualidade foi resgatada logo em seguida, com a apresentação de Manuel Moneo e Agujeta, dois veteranos do flamenco que se apresentam sentados e sem nenhum acompanhamento de músicos ou bailarinos. Apenas voz, sentimento, amor e tragédia, tudo o que de melhor o flamenco pode mostrar.

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