São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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'Priscilla' boliviano ofusca 'Carlota'

Filme brasileiro tem platéia lotada na estréia

CELSO FIORAVANTE
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

O Brasil fez anteontem sua estréia no Chicago Latino Cinema Festival com a apresentação de "Carlota Joaquina, Princesa do Brasil", de Carla Camurati.
Também foi apresentada uma série de quatro curtas-metragens: "Vala Comum", de João Godoy; "Onde São Paulo Acaba", de Andréa Seligman; "Ventre Livre", de Ana Luiza Azevedo"; e "Nelson", de Carlos Cortez.
Os filmes foram bem, mas a má impressão em relação ao Brasil ficou por conta da diretora Carla Camurati, que não compareceu ao evento.
"Carlota Joaquina" foi exibido na sala 1 do Village Theather para uma platéia lotada de 200 pessoas.
Várias pessoas não conseguiram ver o filme, que será exibido novamente amanhã. A recepção do público, porém, não foi das mais entusiastas.
Melhor recepção teve o boliviano "Questión de Fe", roteiro e direção de Marcos Loayza.
O filme trata de dois bêbados fazedores de santo e um jogador inveterado que tentam levar uma santa para uma festa no interior da Bolívia em cima da camionete Ramona, a Priscilla das serras bolivianas.
O filme é recheado de pequenos momentos de humor. Em um deles, um curandeiro, para vender seus remédios à base de couro de cobra, pergunta se alguém já viu cobras com rugas.
Outro momento é o do véu da santa, inicialmente feito para um casamento, que passa para a cabeça da santa e que volta a ser usado sem o menor pudor em um casamento no meio da serra.
O filme se destaca, ainda, pela boa atuação de Jorge Ortíz Sánchez, uma espécie de Robert De Niro dos Andes.
Como o ator norte-americano em "Touro Selvagem", Sánchez também teve de engordar muitos quilos para interpretar o papel.
Os curtas brasileiros foram apresentados para uma platéia reduzida de cerca de 20 pessoas em uma sala alternativa do evento, mas causaram boa impressão.
John LaPlante, 29, um dos espectadores, preferiu "Ventre Livre" e "Onde São Paulo Acaba", o primeiro sobre esterilização de mulheres e aborto no Brasil, e o segundo sobre a vida na periferia sul da cidade.
Matthew Islami, 38, outro espectador, elogiou os vídeos documentais pois contrapõem a publicidade feita do país no exterior e a realidade brasileira.
O festival começou na sexta-feira com a exibição de "Flamenco", de Carlos Saura. O destaque hoje é a exibição de "Corte de Cabelo", do português Joaquim Sapinho.

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