São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 1996
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O caso Lima

JUCA KFOURI

A sucessão de equívocos na escalação do jogador são-paulino Lima contra o Inter-RS, pela Copa do Brasil, tem tantos culpados que parece cruel punir apenas um, o clube do Morumbi.
Os primeiros culpados estão em Manaus: a Federação Amazonense e o Nacional, responsáveis pela utilização de um atleta sem contrato num jogo oficial -no caso, o jogo do Nacional contra o América-MG pela mesma Copa do Brasil.
Culpado, também, é o próprio jogador, que, não só jogou sem contrato, como não avisou o São Paulo do fato.
Culpada, ainda, é a jurássica CBF, que se orgulha de ter uma fortuna em caixa, mas, até hoje, não foi capaz, como prometera o seu presidente, de se informatizar para impedir que tais irregularidades aconteçam.
Não só não as impede como não sabe informar aos seus filiados quando consultada, aceitando inscrições que não deveria.
Finalmente, é claro que o São Paulo pode ser responsabilizado, mesmo que indiretamente e apesar de sua inegável boa fé. O fato é que o tricolor contratou e pôs para jogar um funcionário em situação irregular.
Se há alguém, portanto, que não tem nada a ver com tudo isso esse é, exatamente, o Inter, que, agora, pleiteia a sua classificação sem enfrentar novamente o time paulista.
Num mundo ideal, onde o sentimento de esportividade imperasse, provavelmente o Inter se sensibilizaria com a infelicidade de um co-irmão e partiria para resolver a vaga em campo, com a bola no pé. Mas o ideal mora lá longe.
A aplicação pura e simples do regulamento da Copa do Brasil liquida o São Paulo.
A lei maior, no entanto, contida no chamado CBDF (o Código Brasileiro Disciplinar de Futebol), atribui à CBF a responsabilidade pela inscrição dos jogadores em seus torneios e menciona, no máximo, a anulação de jogos com a participação de atletas em situação irregular.
Não fala em perda de pontos, como a CBF impôs ao São Paulo.
Daí o tricolor ter boas chances no julgamento desta quarta-feira.
*
Quanto ao Corinthians, que busca melar a derrota que sofreu para o Araçatuba com o ridículo argumento de que o clube vencedor usou propaganda irregular em suas camisas, melhor será fingir que tal idéia jamais passou perto do Parque São Jorge.

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