São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 1996 |
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'Tudo Verdade' começa com 29 filmes
FERNANDO DE BARROS E SILVA
'TudoVerdade' começa com 29 filmes Começa hoje em São Paulo, com um filme que presta homenagem ao cineasta dinamarquês Carl Theodor Dreyer (1899-1968), a mostra "É Tudo Verdade - 1º Festival Internacional de Documentários", que está sendo exibida no Rio desde sexta e prossegue nas duas cidades até o domingo. Dividido em três eixos -Panorama Internacional, Panorama Nacional e Retrospectiva Santiago Alvarez- o festival exibe ao todo 29 filmes, sendo dez deles uma amostra do que foi feito de melhor no estrangeiro nos últimos anos, 12 produções nacionais entre curtas e longa-metragens e mais sete filmes do documentarista cubano que registrou em detalhes a revolução liderada por Fidel Castro. O filme que abre o evento às 20h de hoje, "Carl Th. Dreyer - Meu Métier", é um dos pontos altos do festival. Dirigida pelo também dinamarquês Torben Skjodt Jensen, a obra, em preto-e-branco, articula três vertentes estéticas. A primeira, uma narrativa propriamente documental, na qual cineastas, amigos e atores que trabalharam com Dreyer discorrem a seu respeito. A ela se juntam trechos dos filmes do diretor e comentários dele próprio sobre o ofício de cineasta, que constitui o centro nervoso do filme. Apesar de ter realizado um dos clássicos do cinema, "A Paixão de Joana D'Arc", de 1928, Dreyer é pouco conhecido no Brasil. Iniciou sua carreira compondo entretítulos, depois passou a adaptar obras literárias e escrever roteiros. Também foi autor de mais de mil artigos jornalísticos sobre cinema. Escrevendo sobre o diretor, Lúcia Nagib, crítica de cinema e articulista da Folha, definiu seu trabalho como uma "pesquisa rigorosa, cruel mesmo, do comportamento, dos sentimentos escondidos, das leis hipócritas que regem as relações humanas". O documentário sobre Dreyer revela com maestria esse diretor complexo, responsável por um diálogo feito de aproximações e distanciamentos em relação a dois paradigmas do cinema da sua época -o expressionismo alemão e a obra do russo Serguei Eisenstein. Convidados Entre os convidados estrangeiros que vêm a São Paulo para o "1º Festival Internacional de Documentários" estão a cineasta russa Marina Goldovskaya, diretora do filme "A Casa da Rua Arbat", e a argentina Carmen Guarine, co-diretora do filme "Jaime de Nevares - a Última Viagem", ambos presentes na seleção internacional. O festival foi idealizado e tem a direção de Amir Labaki, crítico de cinema, articulista da Folha e diretor do MIS entre 1993 e 94. A realização do evento é da Associação Cultural Kinoforum. A entrada é gratuita. Os filmes estrangeiros estão legendados. Texto Anterior: 'Studio' faz a genealogia da visão Próximo Texto: Desrosiers traz dança multimídia a SP Índice |
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