São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
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Status mantém técnicos no BC

SHIRLEY EMERICK

SHIRLEY EMERICK; ANA MARIA MANDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

ANA MARIA MANDIM
O status é o principal argumento dos funcionários do BC para não deixarem o banco. Eles criticam os baixos salários, mas garantem que o nome da instituição é muito importante para a carreira, principalmente para os economistas.
Márcio Estrela, 29, entrou para o BC no último concurso, em 94. Recebe, por oito horas de trabalho, R$ 1.911,00. Sua função, auxiliar técnico, corresponde ao primeiro nível da carreira do BC.
"Saí de Belo Horizonte e vim para Brasília porque achava que no BC, por causa da importância da instituição, haveria mais chances para a minha profissão", disse o "fraldinha", como são chamados os recém-ingressados no BC.
Despesas
Se o aumento não tivesse sido suspenso, Estrela teria um acréscimo de quase 40% em seu salário.
Os gastos com moradia chegam a R$ 1.020,00. Para conseguir economizar, ele divide o aluguel de um apartamento com dois outros colegas, um deles também funcionário do Banco Central.
Seu outro colega deixou o banco para ganhar R$ 3.800,00 no TCU (Tribunal de Contas da União).
Com pós-graduação em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, Estrela vai prestar concurso para auditor fiscal do Tesouro, com salário inicial de R$ 4.800,00.
Anônimo
Outro funcionário do BC, que preferiu não se identificar, disse que espera ainda para abril uma definição sobre o aumento.
Na linguagem do BC, ele é um "sauro" -um funcionário mais antigo. Com 18 anos de carreira no banco, recebe R$ 4.012,00 brutos por mês (só de Imposto de Renda, paga R$ 1.003,00).
Seu aumento teria sido de 10%. "Nunca procurei sair porque o BC é uma grande instituição. Um economista tem tudo para crescer no banco", afirmou.
Outro "fraldinha", L.R.C., diz que o BC não poderia ter voltado atrás. "A revisão da curva foi um projeto longamente discutido e aprovado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento."
Ele diz que o Tesouro Nacional e o Ministério da Administração aumentaram os salários de ingresso e não houve críticas. "Os salários do BC são os mais baixos. Isso esvazia a instituição", afirma L.R.C..

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