São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
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Secretaria não sabe se vacina fará efeito

DA FOLHA SUDESTE

As vacinas contra meningite meningocócica do tipo C aplicadas em Campinas e Hortolândia podem não ter tido efeito de imunização nos vacinados.
Os pacientes que apresentam reação vão ser submetidos a testes para saber se estão imunizados.
"Precisamos acompanhar e fazer testes nos pacientes (que apresentaram reação)", disse Gabriel Oselka, 55, presidente da Comissão Permanente de Imunizações da Secretaria de Estado da Saúde.
Não está descartada a hipótese de testar também os vacinados que não tiveram qualquer reação.
Os detalhes da operação serão definidos em reunião hoje entre técnicos da prefeitura e da Divisão Regional de Saúde, em Campinas.
A secretária municipal da Saúde de Campinas, Carmen Lavras, também disse que há possibilidade de não ter havido imunização. "É uma situação nova, sobre a qual não tínhamos conhecimento. Precisamos testar."
O técnico do Ministério da Saúde José Feitosa afirmou que, por se tratar de um "fenômeno inesperado", só será possível saber detalhes sobre o resultado da vacinação após a conclusão dos laudos das análises feitas em amostras colhidas ontem.
A Fiocruz não sabe o que pode ter acontecido com o lote de vacinas enviado a Campinas.
Os testes preliminares que serão realizados só poderão dizer se houve alguma falha na fabricação das vacinas dentro de 15 dias. Os resultados definitivos ficarão prontos dentro de um mês.
João Quental, diretor do laboratório Biomanguinhos, que fabrica a vacina, não descarta a possibilidade de ter ocorrido alguma falha na aplicação da vacina.
Ele disse ter tomado conhecimento, por médicos de Campinas, que a vacina teve aplicação intramuscular, quando o método correto deveria ser subcutâneo.
"É leviano e precipitado fazer qualquer afirmação. Houve falha sim, mas de quem, onde e quando, não se sabe", afirmou.
Outra possibilidade de falha na produção seria na mistura da pastilha (o concentrado da vacina) com o soro no qual ela é diluída. O soro, que tem prazo de validade de cinco anos, foi fabricado em 92.
Outro lado
A secretária de Saúde de Campinas, Carmén Lavras, 43, descartou a hipótese de ter havido erro na manipulação das vacinas. "Isso é impossível e não poderia ocasionar reações em tanta gente."
"A vacina pode ser aplicada das duas formas (intramuscular e subcutânea), sem que haja problemas. Mas aplicamos na forma subcutânea", disse Elizabeth Deberaldini, 43, diretora da Vigilância Epidemiológica da DIR (Divisão Regional de Saúde) de Campinas.

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