São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
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Índios se unem para conter suicídios

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Guerreiros e líderes de seis tribos do país estarão hoje na reserva indígena de Dourados (a 219 km de Campo Grande-MS) para tentar conter a onda de suicídios entre os índios guarani-caiuás. Neste ano, sete cometeram suicídio.
Doze tribos formaram o grupo independente Solidariedade Caiuá, que vai trabalhar para evitar novos suicídios. "Vamos realizar danças e rituais indígenas e argumentar junto a eles que é preciso recuperar a dignidade e o orgulho de ser índio", afirmou o organizador do grupo, Marcos Terena, 40.
Segundo ele, integram a delegação 25 índios, entre kadiwéus e terenas (MS), xavantes (MT), tukanos (AM), kuikuros (alto Xingu) e carajás (ilha do Bananal).
Duzentos e treze guarani-caiuás se suicidaram desde 1986, segundo os registros do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), órgão ligado à Igreja Católica.
O maior número de casos é de índios entre 14 e 17 anos. "É dramático constatar que a juventude não vislumbra saída a ponto de preferir a morte", afirmou.
O Cimi defende a demarcação de 22 áreas que pertenceriam aos 30 mil guarani-caiuás do Estado.
Funai
Marcos Terena criticou a campanha oficial da Funai (Fundação Nacional do Índio) pelos guarani-caiuás, lançada domingo no Rio. "A Funai não deveria fazer campanha, mas assumir sua responsabilidade de proteger os povos indígenas."
Segundo Edson Luiz Ferreira, 35, coordenador de Assuntos Externos da Funai, o objetivo da campanha não é apenas arrecadar dinheiro, mas conscientizar o país sobre o problema dos guarani-caiuás.

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