São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Deputados tentam manobra para a 3ª eleição de Menem

Grupo quer acelerar projeto que regulamenta plebiscitos

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

Um grupo de deputados peronistas planeja acelerar a tramitação de um projeto de lei que regulamenta os plebiscitos na Argentina, com o objetivo de permitir uma nova reeleição do presidente Carlos Menem.
A Constituição argentina, reformada em 1994, permite apenas uma reeleição ao presidente.
O vice-presidente do bloco peronista na Câmara dos Deputados, Juan Carlos Maqueda, disse que a regulamentação das consultas populares seria "o primeiro passo" para mudar essa situação.
Oposição
A afirmação provocou a explosão do debate sobre o tema. A cúpula da UCR (União Cívica Radical), oposição, convocou ontem uma reunião de emergência e rechaçou a manobra menemista.
A Frepaso (Frente por um País Solidário), principal partido de oposição (centro-esquerda), também reagiu. A senadora Graciela Fernández disse que o objetivo de Menem é levar o debate sobre a consulta popular até a Corte Suprema do país, onde o presidente teria a maioria dos votos.
Negativa
Em entrevista à Folha no início do mês, Menem disse que não de seja ser candidato em 1999, mas em 2003. Ontem, ele se manteve em silêncio sobre o assunto. Durante sua visita à Argentina, o presidente Fernando Henrique Cardoso brincou ao ser questionado sobre uma eventual "rerreeleição" no país. "Bom, nesse caso eu prefiro a monarquia", afirmou.
O empresário Oscar Vicente, do poderoso grupo Pérez Companc, foi o primeiro a falar abertamente sobre a possibilidade de uma nova reforma constitucional, na semana passada.
"Acredito que teremos uma reeleição outra vez", afirmou Vicente, empresário ligado a dois auxiliares próximos de Menem: o secretário-geral da Presidência, Alberto Kohan, e o ministro do Interior, Carlos Corach.
'Repercussão positiva'
O embaixador da Argentina nos Estados Unidos, Raul Granillo Ocampo, disse ontem que uma nova reeleição teria "uma enorme repercussão positiva" no exterior.
Alheio às manobras menemistas, o governador da Província de Buenos Aires, Eduardo Duhalde (também peronista), está fazendo nos Estados Unidos um roteiro digno de candidato à Presidência.
Recebido por autoridades e empresários norte-americanos, ele fez questão de dizer que "não há outro plano possível" para a Argentina a não ser manter a paridade cambial entre o peso e o dólar.
O embaixador dos Estados Unidos na Argentina, James Cheek, está acompanhando Duhalde. "Ele não é um governador comum, e eu não sou um embaixador comum", afirmou.

Texto Anterior: 300 mil
Próximo Texto: Esquerda ataca Berlusconi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.