São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Gasto com Econômico sobe para R$ 5 bi

CARI RODRIGUES
ALEX RIBEIRO

CARI RODRIGUES; ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Prejuízo do Banco Central com banco baiano equivale ao custo de construção de 767 mil casas populares

O Banco Central vai assumir dívidas de R$ 5 bilhões do Econômico para possibilitar a venda do Banco Econômico ao Excel. Serão ainda liberados R$ 750 milhões do Proer (programa de reestruturação bancária) para viabilizar o negócio.
Os R$ 5 bilhões em dívidas que o BC assume, suficientes para construir 767 mil casas populares, equivalem a tudo que ganharam os 7,1 milhões de trabalhadores da Grande São Paulo em janeiro.
A informação sobre os custos da operação foi dada na noite de ontem pelo diretor de Fiscalização do BC, Cláudio Mauch, ao anunciar a conclusão do negócio.
Nos R$ 5 bilhões estão incluídas as dívidas de R$ 3,5 bilhões do banco baiano com o próprio BC, feitas junto à linha de redesconto -que auxilia bancos com problemas de caixa no final do dia.
Estas dívidas foram contraídas antes da intervenção. Há também dívidas de aproximadamente R$ 500 milhões junto à CEF (Caixa Econômica Federal).
O R$ 1 bilhão restante se refere a dívidas com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Tesouro Nacional e FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Para cobrir esse rombo, o BC contará com a venda das participações acionárias do Econômico em empresas não-financeiras, como as do setor petroquímico. O valor a ser apurado nesta venda ainda não foi estimado.
O Econômico velho vai receber R$ 750 milhões do Proer em dinheiro. Deste total, cerca de R$ 350 milhões serão usados para equalizar ativos e passivos.
Gustavo Loyola, presidente do BC, anunciou que a CEF comprará a carteira de crédito imobiliário do Econômico. A CEF assumirá os créditos a receber dos mutuários.
O valor total dessa carteira é de R$ 1 bilhão, conforme Mauch, sem descontar o débito do Econômico no valor aproximado de R$ 500 milhões com a própria CEF.
O acordo foi aprovado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) e será ratificado na próxima reunião do conselho, prevista para o dia 30 de abril.
O ministro José Serra (Planejamento) informou que aprovou cojuntamente com o ministro Pedro Malan o negócio.
Por intermédio da Coordenação de Comunicação Social do Planejamento, Serra disse que a operação será homologada na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, no final de abril.
Ontem, o presidente Fernando Henrique Cardoso assinou o decreto que autoriza o aumento da participação do capital estrangeiro no novo banco.
A participação estrangeira poderá chegar até o limite de 49% do capital do novo banco.
O Excel pretende demitir cerca de 3.000 dos 9.500 funcionários do Econômico. Para isso, poderá adotar um plano de demissão voluntária. O custo das dispensas deve ser acertado até 10 de maio.

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