São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996 |
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Inflação afeta mercado futuro de juros
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Os analistas já esperavam, depois da liberação entre aspas dos preços da gasolina (foi mesmo aumento), números maiores para a inflação. Mas não tão altos. Há tempos a taxa de inflação era irrelevante para o mercado. O juro estava tão alto (extorsivos na definição do governo) que tanto fazia uma inflação de 0,5% ou 1%. Mas, ontem, a inflação voltou a pesar. Sinal que, para o mercado, o juro pago ao aplicador (e não o cobrado no crédito) está chegando perto do "piso". Ontem, a operação mais em moda no mercado foi vender o juro no curto prazo e comprar no longo. Ou seja, prevaleceu a aposta que, agora, o BC (Banco Central) reduz o ritmo de queda dos juros e volta a acelerar no segundo semestre. Um dos motivos: a barriga inflacionária (o que significa que os analistas, por enquanto, descartam a manutenção da inflação no patamar de 1%). Há divergências sobre o tamanho da barriga, mas, no pior dos cenários, imagina-se taxas ao redor de 1% até junho. É que absorvido o impacto da gasolina e vestuário, os índices passariam a sofrer a pressão do provável reajuste dos ônibus na cidade de São Paulo, do salário mínimo e, depois, da entressafra agrícola. Mas também há dúvida sobre o comportamento dos juros no segundo semestre. O que mantém o mercado em compasso de espera é o clima político. Há um desalento com o ritmo esperado das reformas -um óbvio inibidor do quanto os juros podem cair-, embora os analistas tenham visto com bons olhos a negativa de ajuste ao funcionalismo e esperem a aprovação de alguma reforma administrativa. A diferença da taxa com reforma e sem reforma é expressiva, da ordem de 0,2 ponto percentual no juro efetivo no mês. Detalhe: o câmbio futuro continua embutindo uma expectativa de queda dos juros. Ontem, as entradas de dólares voltaram a superar as saídas. O BC teve de realizar um leilão de compra e o comercial (exportação e importação) ficou no "piso" da minibanda (R$ 0,989). Texto Anterior: Lucro da Ford diminui 58% no trimestre Próximo Texto: FMI insiste em ajuste fiscal brasileiro Índice |
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