São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Betty Kaplan vai filmar a história de "Doña Barbara"

CELSO FIORAVANTE
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Nem os problemas na projeção, que atrasaram a sessão de "De Amor e de Sombras" em duas horas, tiraram o ânimo da diretora venezuelana, radicada nos EUA, Betty Kaplan. Depois da sessão, anteontem, a diretora concedeu entrevista à Folha e a mais dois jornais estrangeiros e ainda participou de um encontro com os espectadores do filme no 12º Chicago Latino Film Festival. Curiosamente, seu filme, que já estrou no Brasil, estréia nos EUA apenas em 8 de maio.
Betty Kaplan falou sobre seu próximo filme e sobre o papel político do cinema.
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Folha - Você acredita que um filme de ficção pode realmente contar como foi sanguinária a ditadura chilena?
Kaplan - Realmente não, pois o cinema é entretenimento. Mas se consigo contar dentro de uma história de amor ou de humor uma outra história, deixar que o público tome conhecimento do que foi a ditadura para que ela não volte a acontecer, posso dizer que meu trabalho está bem feito. Mas não é por isso que vou fazer um filme político contra a ditadura.
Folha - Por que o filme estreou no Brasil e em grande parte de todo o mundo e só agora vai estrear nos EUA?
Kaplan - O Brasil é uma país à parte. Não olha para os outros e toma suas próprias decisões. Já a Venezuela vive muito em relação ao que acontece nos EUA. Ela esperou para ver o que aconteceria nos EUA depois da campanha da Miramax para então lançar o filme, esta semana.
Folha - Por que você escolheu Antonio Banderas para o papel de Francisco? Ele foi imposto pelos produtores?
Kaplan - Escolhi Bandeiras antes de ele fazer sucesso nos EUA. Banderas é o Francisco que eu e Isabel Allende pensamos. Foi uma escolha minha. Francisco é um homem à beira de um desastre, que não pode dizer as coisas e deve guardá-las para si. Ele não reaje pois não pode deixar cair as barreiras que construiu.
Folha - Qual é o teu próximo projeto?
Kaplan - Vou filmar "Doña Barbara", um western tropical cheio de magia negra, ação e morte. É baseado em um livro homônimo do escritor argentino Romulo Gallegos. Pretendo filmá-lo na Venezuela, mas também estou pensando em locações no México e na Argentina. Terá Angela Molina e Jorge Perrugoria nos papéis principais.
O jornalista Celso Fioravante viajou a convite da organização do festival

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