São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996 |
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Espectador oscila entre real e ilusório
INÁCIO ARAUJO
Na verdade, o roteirista Christopher McQuarrie trabalha, em "Os Suspeitos", com uma variação do gênero. Trata-se de descobrir a identidade do arquicriminoso Keyser Sose. McQuarrie tem habilidade bastante para ter ganho o Oscar de melhor roteiro original. Ele desenterra um velho princípio do policial: a diferença entre o que de fato acontece (o real) e aquilo em que é levado a crer (a ficção, o ilusório). Como seguimos a trama pela ótica do policial (Chazz Palmintieri) ou do personagem principal -Dean Keaton (Gabriel Byrne)-, somos comparsas da maneira como eles apreendem as coisas, e que não é necessariamente a mais correta. Também o diretor Brian Singer faz um bom trabalho. Sequência a sequência, imprime vivacidade à ação e dá tensão aos inúmeros conflitos. E Kevin Spacey (Oscar de coadjuvante) é uma mão na roda. Mas em "Os Suspeitos" as virtudes coincidem com os defeitos. Em vez da grande tradição do policial, em que o espectador é chamado a raciocionar junto com o detetive o tempo todo, como comparsa da investigação, aqui existe uma barreira: os pontos de vista variam o suficiente para que o fator desorientação, em vez de acessório, se torne a essência da ficção. Os autores abusam de sua capacidade de nos induzir em erro, de modo a conduzir a trama à surpresa final. Mas esse é um problema que o "whodunit" raramente contorna. Filme: Os Suspeitos Produção: EUA, 1995 Direção: Brian Singer Com: Gabriel Byrne, Kevin Spacey Quando: a partir de amanhã nos cines Olido 1, Bristol, Iguatemi 1 e circuito O culpado é Roger "Verbal" Kint (Kevin Spacey) Texto Anterior: O culpado é... Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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