São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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França faz proposta de paz para o Líbano

Plano formaliza não-agressão a alvos civis

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A França se ofereceu para garantir a aplicação de um cessar-fogo no sul do Líbano. Pela proposta, os EUA também participariam da iniciativa.
Os ataques de Israel ao Líbano, que entraram ontem no sétimo dia, já mataram pelo menos 31 pessoas, na maioria civis libaneses.
O plano, apresentado no Egito pelo ministro das Relações Exteriores da França, Hervé de Charette, pede que Israel, Líbano e Hizbollah assumam por escrito o compromisso de não atacar civis.
A proposta também prevê o envolvimento de outros países, possivelmente europeus, para garantir a aplicação do acordo.
A iniciativa francesa é uma tentativa de colocar no papel um acordo informal acertado em 1993 entre Israel e o grupo islâmico Hizbollah (Partido de Deus) com a mediação dos EUA.
Naquele ano, após uma série de ataques, as duas partes concordaram em não atingir alvos civis.
A França propõe a criação de um comitê de segurança, formado pelos países que garantem o acordo, além de Israel e Líbano.
A função do comitê seria fiscalizar o acordo e examinar denúncias de violações, tornando ilegítima qualquer ação retaliativa.
A proposta francesa não faz referência à reivindicação de Israel de que o Hizbollah seja desarmado nem à exigência do Líbano de que Israel retire tropas do sul do país.
Reação
O ministro das Relações Exteriores da Síria, Faruk al Chareh, considerou "positiva" a proposta francesa. Ele afirmou, entretanto, que ainda não havia recebido qualquer sinal de recepção positiva do governo de Israel.
A chancelaria francesa anunciou que De Charette se reunirá hoje com o primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres.
A disposição em reunir-se com De Charette, porém, indica que Peres não descarta totalmente a proposta de cessar-fogo. O premiê também disse ser favorável à transformação do acordo com o Hizbollah em um documento escrito.
Plano dos EUA
O plano francês difere da proposta de paz atribuída por diplomatas aos EUA por não citar a exigência do fim dos ataques do Hizbollah contra forças israelenses que ocupam o sul do Líbano e por não exigir um envolvimento direto da Síria. Damasco mantém 35 mil soldados em território do Líbano.
A suspensão dos ataques contra Israel e a zona ocupada ocorreria em troca de uma eventual retirada israelense do sul do Líbano.
A proposta norte-americana tem sido discutida com Líbano, Israel e Síria, e os EUA também pediram publicamente que o Irã use sua influência sobre os guerrilheiros do Hizbollah para que haja acordo.
Os Estados Unidos têm adotado uma postura de apoio total a Israel e responsabilizam o Hizbollah por ter rompido o acordo de 1993 e iniciado o ciclo de violência.
"Acredito que a trégua foi quebrada pelo Hizbollah, violando o acordo acertado anteriormente e despejando os mísseis Katiucha no norte de Israel", disse o presidente Bill Clinton, que visita o Japão.
Segundo analistas norte-americanos, o principal motivo do apoio a Israel é o desejo de que o premiê Shimon Peres vença as eleições de maio para manter vivo o processo de paz no Oriente Médio, patrocinado pelos Estados Unidos.

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