São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
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Polícia iniciou tiroteio, dizem os feridos

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARABÁ

Os trabalhadores sem-terra feridos no conflito Polícia Militar negam a versão oficial de que teriam feito o primeiro disparo, e acusam os policiais de terem feito tiros de metralhadora e revólver à queima-roupa.
A Agência Folha ouviu quatro dos dez feridos que foram levados ontem à Unidade Mista de Saúde de Marabá.
José Carlos Moreira Santos, 17, um dos feridos mais graves, perdeu a visão do olho direito por um dos disparos.
"Eu estava brincando com meus amigos, de repente, eles (os policiais) chegaram atirando. Quando caí, um amigo tentou me ajudar e os PMs nos humilharam", relatou o sem-terra ferido.
Segundo Moreira Santos, os policiais "pediram que deitássemos no chão para não vê-los. Depois, deram três minutos para a gente sair de lá correndo. Minha mãe e eu corremos mais de dois quilômetros pela beira da estrada".
Jurandir Gomes dos Santos, 30, o primeiro a ter sido baleado, mostrou a radiografia que mostrava os 11 tiros em suas pernas, "feitos numa rajada só", segundo suas declarações.
Raimundo José da Conceição, 20, que teve a perna direita fraturada por tiros, disse que "depois do massacre, os policiais atiravam para cima e pediam para que aparecêssemos. Estávamos escondidos no mato".
Sete dos dez feridos da Unidade Mista de Saúde de Marabá aguardavam transferência para hospitais de Belém.
Outros seis sem-terra feridos foram levados para o Hospital Celina Gonçalves, que tinha também dois policiais internados.

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