São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
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País quer prender 10 maiores traficantes

RUI NOGUEIRA; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DE BUENOS AIRES

Perseguir e prender os dez maiores traficantes do país e reforçar as operações contra narcotraficantes com a participação das Forças Armadas -estes são dois pontos básicos do Panad (Programa de Ação Nacional Antidrogas) que o governo federal deve lançar hoje.
A viagem do ministro da Justiça, Nelson Jobim, ao Pará, por causa da morte dos sem-terra, pode adiar o lançamento do Panad para a próxima semana. Milton Seligman, secretário-executivo do Ministério da Justiça e coordenador do Panad, disse ontem em Buenos Aires que o programa deve receber investimentos de US$ 250 milhões nos próximos quatro anos.
Seligman visitou a Argentina para fazer os acertos finais do acordo de integração jurídica e policial dos quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), que será assinado em junho. Com a integração, os quatro países esperam ter mais agilidade no combate ao crime organizado.
As polícias e a Justiça dos países do Mercosul poderão se deslocar sem burocracia para agir contra narcotraficantes. As investigações e os dados apurados pela polícia brasileira contra um chefe do crime organizado poderão, por exemplo, ser usados para instruir um processo na Justiça de qualquer um dos países do Mercosul.
O Panad prevê três tipos de ações -repressiva, preventiva e de recuperação- e envolve dez ministérios e a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos). Os militares, a partir de agora, estão formalmente convocados para entrar no combate ao narcotráfico (leia ao lado).
O programa foi montado na Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, a pedido do presidente Fernando Henrique, depois que pesquisas e investigações apontaram o Brasil como ponto de produção, comercialização e trânsito de drogas.
Segundo o Ministério da Justiça, as apreensões de cocaína mais que dobraram de 92 (2,3 toneladas) para 95 (5,2 toneladas). Nos anos intermediários houve uma explosão do tráfico -em 93 foram apreendidas 7,3 toneladas e, em 94, 11,8. As apreensões de maconha em 95 chegaram a 11,7 toneladas, mas em 92 atingiram 19,6.
O programa antidrogas lista pelo menos cinco projetos de lei que o governo quer aprovar no Congresso -alguns já tramitam no Legislativo, outros ainda estão em elaboração no Ministério da Justiça.
Os projetos são: lei de drogas (que estabelece as punições para traficantes e consumidores), lei de proteção de testemunhas, lei contra operações financeiros para lavagem de dinheiro, lei para estabelecer regras de infiltração policial em organizações criminosas e lei de recrutamento de informantes.
(RUI NOGUEIRA e DANIEL BRAMATTI)

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