São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
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Bombardeios de Israel matam 106 civis

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 97 civis libaneses morreram ontem em um bombardeio da artilharia israelense contra uma base das forças da ONU no sul do Líbano.
Em outra ação ontem, aviões bombardearam uma casa em Nabatieh, matando pelo menos nove pessoas: uma mulher, sete de seus filhos e um parente.
A ação foi a mais sangrenta desde o início da Operação Vinhas da Ira, ofensiva de Israel contra os guerrilheiros xiitas do Hizbollah que completou oito dias ontem.
Segundo a agência "Reuter", citando fontes de segurança, os mortos na base da ONU podem ser mais de cem. Se estes números forem confirmados, a ação israelense já terá deixado 140 mortos -a maioria civis- e 250 feridos.
O quartel das Nações Unidas em Qana foi atingido por cinco disparos da artilharia israelense. Minutos antes, o Hizbollah havia disparado mísseis Katiucha de um posto a 300 metros da base. No local estavam abrigadas cerca de 500 pessoas, muitas delas mulheres e crianças, que haviam deixado suas casas para fugir dos bombardeios israelenses.
O incidente é o mais grave desde ataques de Israel no sul do Líbano que mataram 130 mortos em julho de 1993.
A morte de civis foi condenada e gerou preocupação em todo o mundo. O primeiro-ministro do Líbano, Rafic Hariri, disse que esperava que Israel "tivesse coragem de dizer que cometeu um erro terrível, matando mulheres e crianças".
O presidente dos EUA, Bill Clinton, pediu a decretação de um cessar-fogo imediato no Líbano. Seu secretário de Estado, Warren Christopher, vai hoje ao Oriente Médio para coordenar esforços de paz. O conflito no Líbano também será discutido na cúpula dos sete países mais ricos do mundo, hoje e amanhã, em Moscou (Rússia).
O premiê de Israel, Shimon Peres, disse lamentar os incidentes, mas responsabilizou o Hizbollah. O governo israelense se reuniu em caráter emergencial para reavaliar a ofensiva e deu aprovação para que Peres negocie um cessar-fogo. O premiê se disse disposto a declarar trégua se o Hizbollah cessar seus ataques.
Os membros do Conselho de Segurança da ONU também se reuniram ontem para elaborar uma proposta de cessar-fogo. O secretário-geral da ONU, o egípcio Boutros Boutros-Ghali, afirmou estar "chocado e horrorizado" com o ataque.
Ataques do Hizbollah (Partido de Deus) deixaram um ferido no norte de Israel, ontem. Nos últimos oito dias, 50 pessoas haviam sido feridas pelos disparos de mísseis Katiucha.
No Egito, 18 turistas gregos foram mortos a tiros na porta de um hotel no Cairo (capital). A possibilidade de retaliação contra a ação de Israel no Líbano não estava descartada.

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sobre o atentado do Egito e a ofensiva de Israel nas págs. seguintes

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