São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996
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Paris vira o centro europeu da fotografia

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

Com um arquivo de 12 mil fotos, Paris abriga, há dois meses, a Casa Européia da Fotografia.
Mas somente a partir de anteontem é que o museu começou a funcionar a todo vapor, com a inauguração da biblioteca, do auditório, da videoteca e da exposição de abertura -"Uma Aventura Contemporânea, a Fotografia 1955-95".
A única parte do museu que ainda não funciona é o ateliê de restauração de fotografias antigas, dirigido por Anne Cartier-Bresson, que será aberto no próximo ano.
"É o maior centro de fotografia na Europa", diz o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, radicado em Paris.
A Casa Européia da Fotografia foi instalada em um edifício do século 18. O antigo Hotel Henault de Cantombre, no Marais, no coração de Paris, foi totalmente restaurado para abrigar a Casa Européia da Fotografia.
Centrado na fotografia contemporânea, notadamente dos anos 60 em diante, o museu abriga em seu acervo, trabalhos de alguns dos principais fotógrafos do mundo que estavam dispersos.
Polaroid
Um dos principais interesses do novo museu é a biblioteca, com mais de 12 mil títulos sobre fotografia, cuja maior parte do acervo foi doada pelo fotógrafo e colecionador espanhol Romeo Martinez.
A videoteca reúne 500 filmes realizados por fotógrafos, ou sobre fotógrafos, e séries sobre a história e a estética da fotografia. A Casa Européia também registrou a biografia de cerca de 4.000 fotógrafos.
No prédio funciona um auditório, onde fotógrafos como Sebastião Salgado darão palestras e conferências. Uma das salas é dedicada à obra do norte-americano Irving Penn, em que estão fotos de moda e de personalidades -como do escritor André Malraux.
Outra sala é ocupada com fotos tiradas com máquinas polaroid.
Formigueiro humano
Sebastião Salgado foi uma das estrelas da exposição inaugural -encerrada em março.
Ele ganhou uma sala exclusiva. Entre as fotos expostas estão algumas da série "Trabalhadores" que mostram o formigueiro humano no garimpo de Serra Pelada (Pará).
"Suas fotos são a expressão do desespero da vida. Há uma vontade de testemunho, mas um grande respeito dele pelos fotografados", afirmou a diretora de documentários Catherine Piante.
O Museu tem 120 fotos de Sebastião Salgado no acervo. E assinou um contrato com o fotógrafo se comprometendo a comprar 32 fotos por ano até o ano 2000.
Exposições
A exposição inaugural apresentou trabalhos de todos os ganhadores do Grande Prêmio da Fotografia de Paris: Romeo Martinez (1981), Maurice Tabard (1983), Jean Dieuzaide (1985), Denis Brihat (1987), Helmut Newton (1989), Sebastião Salgado (1991), Pierre & Gilles (1993), Bettina Rheims (1994) e Keiichi Tahara (1995).
Inaugurada anteontem, "Uma Aventura Contemporânea, a Fotografia 1955-1995" traça a evolução da fotografia nos últimos 40 anos e fica em exposição até 16 de junho.
Quem quiser mais informações sobre o museu pode acessar seu endereço eletrônico (www.pictime.fr/maison-europeenne/).

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