São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996
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Rússia promete banir teste nuclear

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo da Rússia disse ontem pela primeira vez que apóia a proposta norte-americana de proibição mundial de testes nucleares.
Mas, segundo declaração do presidente Boris Ieltsin, a Rússia se reserva o direito de retomar experiências nucleares caso os "supremos interesses do país sejam ameaçados".
O apoio, ainda que condicional da Rússia, aumenta as possibilidades de um acordo mundial para banir testes nucleares ser acertado até junho em negociações em Genebra e assinado em Nova York em setembro.
A decisão russa foi anunciada em Moscou, pouco antes do início da reunião de cúpula do Grupo dos Sete (países mais ricos do mundo), convocada para se discutir problemas nucleares mundiais.
Ieltsin reiterou a seus colegas dos EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão que a Rússia se opõe com vigor a qualquer instalação de armas nucleares em países da Europa central e oriental.
Essa possibilidade existe se a Organização da Tratado do Atlântico Norte (Otan) admitir, como se espera, ex-integrantes da chamada Cortina de Ferro, grupo de nações européias que ficaram sob a esfera de influência da então URSS após a Segunda Guerra Mundial.
A Rússia, que não faz parte do G-7, participa do encontro como anfitriã. A Ucrânia também foi convidada para a cúpula porque está em seu território a usina nuclear de Tchernobil, um dos temas da agenda.
Sexta-feira que vem é o décimo aniversário do acidente de Tchernobil, o mais grave da história envolvendo usinas nucleares. Pelo menos 4.299 mortes foram atribuídas ao acidente.
O Grupo dos Sete prometeu levantar US$ 3 bilhões para a Ucrânia fechar a usina até o ano 2000. Mas o presidente ucraniano, Leonid Kuchma, diz que a quantia é insuficiente para realizar o objetivo e vai tentar obter mais.
Kuchma admitiu pela primeira vez que os reatores de Tchernobil, embora funcionem, ainda estão defeituosos. Ele manifestou confiança no fechamento definitivo da usina, mas ressaltou que isso depende "da resolução de uma série de assuntos".
Os parlamentos da Ucrânia, Rússia e Belarus enviaram aos líderes do G-7 mensagem em que lhes pedem "moderação" em relação a Tchernobil, devido aos problemas sociais e econômicos que resultarão do fechamento.
O grupo ambientalista Greenpeace promoveu protesto no rio Moscou, em frente ao Kremlin, sede do governo russo, onde os líderes do G-7 jantavam na noite de ontem, na abertura de sua reunião, que prosseguirá até amanhã.
Um barco da entidade navegou pelo rio com uma imensa bandeira amarela com a inscrição "Chega de Tchernobil". O Greenpeace quer que o G-7 exija o fechamento de 15 usinas similares a Tchernobil nos países da ex-URSS.

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