São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Falha na refrigeração causou a explosão do reator

IGOR GIELOW
DE LONDRES

Na madrugada de 26 de abril de 1986, os técnicos de plantão da usina de Tchernobil estavam fazendo testes de segurança aumentando a pressão de algumas tubulações do sistema de refrigeração.
Por volta da 1h20, um das tubulações cedeu e deu origem a um incêndio que atingiu as torres de grafite usadas nos reatores tipo RBMK para garantir o resfriamento do núcleo.
À 1h23, houve uma grande explosão. O superaquecimento de uma das torres de grafite levou à explosão do núcleo. A tampa de concreto do reator foi destruída, tendo seus destroços espalhados por quase dois quilômetros.
Foi o pior pesadelo da engenharia nuclear: em chamas, cerca de 400 kg de plutônio puro e toneladas de combustível nuclear começavam a derreter. Destroços radioativos se espalharam, e uma nuvem começou a se formar a partir da fumaça liberada.
Estava em curso uma "síndrome da China", apelido dado à reação descontrolada de um reator nuclear. O núcleo, derretido, poderia formar um poço e atingir camadas profundas de solo, contaminando tudo pelo caminho.
Mas o incêndio foi controlado por 200 mil homens que se revezaram durante semanas. Eles, na sequência, reuniram o material mais bruto para ser "enterrado" sob uma caixa isolante de chumbo.
Morreram na operação cerca de 110 pessoas. Cerca de 400 mil moradores tiveram de ser evacuados.
A nuvem liberada pela explosão atingiu, segundo cálculos da Agência Internacional de Energia Nuclear, 5 milhões de pessoas.
Os ventos a concentraram no Norte da Europa. As principais chuvas contaminadas fora da então União Soviética ocorreram no norte do Reino Unido.
(IG)

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