São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 1996
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Marcelinho e Edmundo tiveram o jogo nos pés

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Numa análise conjuntural do clássico, teremos que, embora o Corinthians fosse infinitamente superior ao Santos no primeiro tempo, perdeu de 3 a 2, entre outras coisas, por força da expulsão de Zé Elias, do rendimento ciclotímico de Souza, da demora do técnico Eduardo Amorim em colocar alguém como Marcelinho Souza em campo etc. etc.
Mas, se colocarmos o homem, o indivíduo, no centro dessa história, veremos que, de um lado, os dois craques corintianos -Marcelinho e Edmundo- tiveram o jogo aos seus pés. Cada um marcou, é verdade, seu gol. Mas isso representou cerca de um quinto das chances que criaram.
Contudo, de seu lado, Giovanni, que perambulou omisso por quase toda a partida, teve três intervenções decisivas: marcou dois gols e deu o passe para o outro, de Macedo.
Qualquer uma serve para explicar. Nenhuma justifica.
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A realidade é que, pela ação das circunstâncias ou pelo talento dos seus jogadores, lá vai o Palmeiras, sumindo no horizonte, léguas de distância dos demais: 5 a 1 no Juventus, mesmo desfalcado de Cafu, Luizão e Rivaldo. Isso, sim, justifica o título inevitável.
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Outro dia, alguém me perguntou até onde iria esse São Paulo. Resposta: até levar a primeira biaba, mais ou menos o que aconteceu no primeiro turno, quando o tricolor, surpresa!, disparou para, logo a seguir, despencar.
Não que o time seja um horror, nada disso. Apenas não tem estofo técnico para almejar vôos mais altos. E, sábado, levou a primeira biaba: 3 a 1, diante de um América encolhido, modesto "pero cumplidor", que concentra seu talento nos pés de Adriano e a sorte no desespero do adversário.
Sim, porque o tricolor, se foi abúlico no primeiro tempo, desesperou-se no segundo, quando produziu mais de 60 jogadas de área e não conseguiu um mísero gol de empate, para tomar o terceiro num contragolpe singular. O fato é que a maioria dessas jogadas eram os famigerados "chuveirinhos", glória de qualquer zagueiro bom de cabeça.
Afora possíveis equívocos factuais, Muricy tem em mãos material suficiente para tentar reverter esse quadro.
Se não para seguir sonhando com o título do segundo turno, pelo menos para dar uma marca de grandeza a esse time.
Basta arriscar uma escalação mais hábil e flexível, a partir de uma advertência sábia do mestre Tostão, segundo a qual Serginho não é o jogador mais indicado para atuar pela meia esquerda.
Por uma simples razão: trata-se de um jogador que precisa de espaço para, vindo de trás, criar as jogadas perigosas, embora repetitivas.
André, ao contrário, possui mais recursos para atuar pelo meio. Acrescento, porém: não na meia; mas como volante, ao lado de Belletti ou Lima, completando o meio-campo com Denílson e França.
Ah, mas vai ficar um meio-campo muito vulnerável. Que é isso, companheiro? São todos meninos ainda, maleáveis; portanto, capazes de uma participação coletiva atuante.
Na pior das hipóteses, se não ganhar nada, ao menos provocará emoção.

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