São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 1996
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Esquerda vence as eleições na Itália

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A esquerda venceu pela primeira vez no pós-Guerra as eleições parlamentares italianas, mas reconheceu que pode não obter maioria para governar, apesar da festa dos partidários nas ruas de Roma.
As primeiras projeções dos resultados da votação de ontem indicam que o Bloco da Oliveira, liderado pelo economista Romano Prodi, teria batido a coalizão centro-direitista Pólo da Liberdade.
O bloco de Prodi teria conseguido 45,1% dos votos, contra 41,9% do Pólo, liderado pelo magnata da mídia e ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Os regionalistas da Liga Norte teriam ficado com 9,9% dos votos.
A centro-esquerda também teria vencido no Senado, com 43,5% dos votos. O bloco de Berlusconi teria obtido 38,4%, e a Liga, 9,1%.
"Isto significa uma derrota política para o Pólo e uma confirmação política da Oliveira", disse Walter Veltroni, o segundo homem da coalizão de centro-esquerda.
Governo
Se esses resultados se confirmarem, o presidente Oscar Luigi Scalfaro encarregará Prodi, ex-democrata cristão, de formar o 55º governo italiano do pós-Guerra.
A maioria apertada, no entanto, colocará Prodi em dificuldades. Pesquisas do instituto Directa indicavam na noite de ontem que os 48,9 milhões de eleitores não devem dar clara maioria de nenhum dos blocos na câmara baixa do Parlamento.
Se Prodi realmente não obtiver maioria absoluta, o fiel da balança no novo Parlamento será Umberto Bossi, líder da Liga Norte.
Bossi disse que não pretende fazer parte do governo. "A Liga estará indubitavelmente na oposição. Não vejo como chegar a um acordo com eles (os outros blocos)", disse ao Canal 5, uma das TVs de Berlusconi.
Indecisão
Membros do bloco direitista, liderado pelo magnata da mídia Silvio Berlusconi, admitiam a derrota na noite de ontem.
"Pelos dados que temos, podemos dizer que faremos uma oposição compacta, que garantirá uma dialética democrática no Parlamento", disse um porta-voz do Pólo da Liberdade.
Mas projeções do instituto de pesquisa CIRM apontavam 320 cadeiras para a centro-direita e 290 para a centro-esquerda.
O partido Refundação Comunista diz que deve apoiar o virtual governo do Bloco da Oliveira.
"Parece que a direita foi derrotada, e nós mantemos nosso engajamento em um governo de Prodi", disse o líder da Refundação, Fausto Bertinotti.
Mas ele afirmou que a adesão de seu partido não será incondicional e que a Refundação pretende "fazer valer seus objetivos".
A eleição parlamentar foi convocada em fevereiro, depois da crise política provocada pelo impasse a que chegaram as discussões sobre a reforma do sistema de governo.

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