São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 1996 |
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Hotéis se esquecem do lugar onde estão
MARCELO REZENDE
Em Montego Bay, Negril ou Ocho Rios, nos chamados hotéis "tudo incluído", o que mais importa é manter o turista -quase sempre norte-americano- afastado das cidades e dos próprios jamaicanos, lhe oferecendo um tipo pomposo de lua-de-mel. Com direito até a "Lagoa Azul" que revelou Brooke Shields no filme do mesmo nome. A maioria dos resorts hospedam apenas casais. Alguns, de maior tolerância, não se importam com a opção sexual de quem chega. Por um preço que pode variar entre US$ 300 e US$ 400, o visitante tem direito a cama, café da manhã, jantar, almoço e, ainda, às indefectíveis bebidas tropicais. São os hotéis "tudo incluído". Esse tipo de resort oferece ainda várias opções para a prática de esportes. Da ginástica ao cricket e tênis. Como resultado, uma pessoa pode, se desejar, passar duas semanas na Jamaica tendo contato apenas com as praias, piscinas e salas de aeróbica. E conhecendo a cultura jamaicana apenas do ponto de vista do garçom que o serve. Vivendo então, uma espécie de grande ilusão sobre o "paraíso tropical". Nos "tudo incluído" mais conhecidos do lugar, há ainda um desejo de manter presente uma idéia de elegância. Assim, em um resort como o "Couples", em Ocho Rios- que prefere evitar os casais homossexuais-, é possível encontrar um restaurante francês e um outro italiano, além do piano-bar. O que não significa, claro, que a culinária é do país prometido e nem o serviço funciona como na Europa. Existe o conforto, mas planejado de tal forma que o passado colonial é arremessado a cada minuto diante dos olhos. Em um resort das praias jamaicanas tudo é planejado para que o turista quase se afogue em conforto. Mas esqueça quase por completo o país onde está. Texto Anterior: Ganja é um produto ilegal mas "tolerado" Próximo Texto: Kingston é o contraponto ao sol e praias Índice |
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