São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 1996
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Brasileiro é prioridade para os EUA

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Maior emissor latino-americano de turistas para os EUA e quarto em todo o mundo -segundo levantamento feito em janeiro-, o Brasil recebeu pelo quinto ano consecutivo o "Visit USA Show".
A feira, que aconteceu entre 15 e 16 de abril no espaço de eventos do Colégio São Luís, em São Paulo, reuniu 205 estandes, 400 expositores e foi vista por cerca de 3.000 pessoas ligadas diretamente à indústria do turismo.
Para Jussara Haddad, do Escritório de Comércio dos EUA/Comitê Visit USA, o evento serviu para reforçar os contatos comerciais entre fornecedores norte-americanos e compradores brasileiros.
"O número de brasileiros que se destinam aos EUA -aproximadamente 730 mil em 1995- tem crescido 20% ao ano, isso nos últimos quatro anos, e eventos assim reforçam essa tendência", diz ela.
Expositores
Órgãos oficiais que representam Estados e cidades norte-americanas, operadoras turísticas, companhias aéreas, hotéis, locadoras de automóveis e parques temáticos exibiram com festa seus produtos.
Só a Flórida, o destino mais procurado pelos brasileiros que vão aos EUA, ocupou 102 estandes.
Margareth Castro Vieira, do Departamento de Comércio da Flórida, destacou a participação de novos destinos que se somaram aos tradicionais Miami e Orlando.
"Vieram representantes de lugares como Palm Beach, Fort Lauderdale, Lee County e Key West, regiões que agora começam a entrar no roteiro dos cerca de 400 mil brasileiros que visitam a Flórida."
Já Luli Fernandez, representante da região dos Keys da Flórida e de Key West -com movimento de cerca de 3 milhões de turistas estrangeiros por ano-, estimou que o mercado brasileiro tem capacidade de enviar, anualmente, cerca de 150 mil pessoas para sua área.
Também de olho no mercado brasileiro, Luís Zanotta e Júlio Guridi, da operadora de turismo Soltur, com sedes no Havaí e na Califórnia, afirmaram que a estabilidade do real tem ajudado a fazer com que mais e mais turistas procurem os EUA, e apostam num crescimento ainda maior.
"A Argentina enviou 20 mil turistas para o Havaí no ano passado e o Brasil apenas a metade disso", diz Zanotta, que acha que o evento contribui principalmente com informações sobre destinos novos.
Para Guridi, "São Paulo é mais caro do que Honolulu. Se as condições econômicas se mantiverem, o Havaí pode ficar mais conhecido dos brasileiros".
Durante o evento, o Escritório de Comércio norte-americano divulgou estatísticas que mostram os brasileiros como os turistas que mais gastam em suas viagens aos EUA: cerca de US$ 137 por pessoa, diariamente, em 1994.
Os venezuelanos gastaram, no mesmo ano de 1994, uma média de US$ 91; os argentinos US$ 95 e os centro-americanos US$ 104.
Entre as atividades preferidas pelos turistas brasileiros (veja quadro), as compras aparecem em primeiro lugar no ano de 1994, com 91% das preferências.
As projeções divulgadas no evento mostram também que o Brasil deve enviar 947 mil turistas aos EUA no ano de 1998.
Desempenho
Números assim mostram o Brasil como um dos principais países emissores de turistas para os Estados Unidos, o que é bom para os norte-americanos.
O que, no entanto, não é bom para o Brasil é o número inexpressivo de estrangeiros que chegam ao país para fazer turismo.
A despeito de seu enorme potencial, o território brasileiro recebe menos de 2 milhões de turistas por ano e amarga um dos piores resultados exibidos pela indústria turística em todo o mundo.
Para que se tenha uma idéia da pobreza do desempenho, vale a comparação com Cancún, um balneário construído duas décadas atrás no Caribe mexicano, que recebe anualmente mais de 2,2 milhões de estrangeiros.

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