São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996 |
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Cai coronel da PM acusado de escuta
FREE-LANCE PARA A FOLHA O comandante da Polícia Militar de Santa Catarina, coronel Ademir Anton, entregou ontem seu pedido de demissão ao governador Paulo Afonso Vieira (PMDB).Ele é acusado de usar a PM-2 (serviço de informações da Polícia Militar) na escuta clandestina dos telefones de coronéis que servem na sede do comando da corporação, em Florianópolis. A denúncia foi feita à Justiça Militar de Santa Catarina na quinta-feira, dia 18, pelo tenente Walace Cesar dos Santos, que fazia os grampos. Segundo o depoimento do tenente, as ordens vinham do chefe de operações da PM-2, capitão Fernando José Luiz, que agia a mando do comandante da PM. Em nota distribuída pela assessoria de imprensa, o governador reafirmou "confiança no ex-comandante", mas se disse "indignado". Investigação A nota diz que as denúncias vão ser investigadas "a fundo". O coronel Anton alegou que seu afastamento é fundamental para que não haja interferência na apuração da denúncia. Todos os 40 integrantes do serviço de informações foram afastados de suas funções. O Juiz Getúlio Corrêa, 45, que recebeu a denúncia e a encaminhou ao Ministério Público para investigação ontem, disse ter "certeza de que o comandante não poderia permanecer à frente da corporação, devido à gravidade das denúncias". Conversas particulares Segundo ele, a acusação é de que as fitas, contendo conversas particulares, seriam usadas para chantagear oficiais contrários a Anton, forçando-os a pedir afastamento da polícia. A tese é reforçada pelo advogado Roberto Ritter Von Jelita, 38, contratado por alguns oficiais vítimas do grampo. Segundo ele, as escutas envolviam conversas particulares. "Ouviam até conversa de oficiais com amantes", afirmou. O advogado defende dois coronéis que tiveram seus telefones grampeados e três oficiais do serviço de informações, que alegam ter participado do grampo sob a ameaça de punição ou transferência por parte de superiores. Escuta clandestina Von Jelita diz que o tenente Walace Cesar dos Santos confirmou que fazia os grampos desde julho de 1995. Segundo o advogado, "foram mais de 50 grampos", feitos numa central de escuta clandestina, que foi montada em uma sala no centro de Florianópolis. A sala teria sido alugada pelo chefe de operações da PM-2. Texto Anterior: Número de mortos chega a 30 na BA Próximo Texto: Surdo-mudo deportado ganha novo nome no Rio Índice |
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