São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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Desemprego em SP é o maior do Real

CRISTIANE PERINI LUCCHESI

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; FERNANDO GODINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Contingente de pessoas sem emprego aumentou 100 mil só no mês passado, elevando o total para 1,2 milhão

A taxa de desemprego na Grande São Paulo pulou de 13,8% da População Economicamente Ativa em fevereiro para 15% em março, o patamar mais alto do Plano Real.
No mês passado, foram incorporados 100 mil trabalhadores ao total de desempregados, que atingiu 1,238 milhão de pessoas -o equivalente à população de Porto Alegre (RS).
O resultado da pesquisa, realizada pelo Dieese e Fundação Seade, surpreendeu os analistas das entidades. "Esperávamos um aumento na taxa de desemprego para 14% em março. O resultado superou as expectativas dentro do que é usual nessa época do ano", disse o diretor-executivo da Fundação Seade, Pedro Paulo Martoni Branco.
Na comparação com o mês de março de anos anteriores, só 93 apresentou taxa maior (15,8%).
Serviços
O setor de serviços foi o principal responsável pelo aumento do desemprego em março -cortou 43 mil postos de trabalho.
"Bancos e o governo estão fazendo grandes ajustes e fechando vagas que vão sendo desocupadas", disse Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese.
No ano, o saldo de empregos no setor de serviços ainda é positivo -criação de 56 mil empregos.
O comércio, que tradicionalmente vinha absorvendo junto com os serviços a mão-de-obra dispensada pela indústria, também cortou vagas. Foram 36 mil a menos no mês passado.
Indústria
A indústria fechou 21 mil vagas em março. No ano, houve redução de 156 mil postos de trabalho, 83% deles de assalariados com carteira de trabalho assinada.
No período, pulou de 38,7% para 47,6% do total de assalariados que cumprem jornadas de trabalho maiores que 44 horas semanais. "A indústria está na defensiva e reage ao aumento circunstancial da demanda com mais horas extras, predatórias ao emprego", disse Martoni Branco.
Além dos 89 mil demitidos, mais 11 mil pessoas entraram no mercado de trabalho na Grande São Paulo e não encontraram emprego. Houve 11 mil contratações.
Brasil
Os dados do Ministério do Trabalho também apontam um crescimento do desemprego no início do ano: foram fechadas 37 mil vagas em fevereiro e 50 mil no acumulado em 12 meses.
O secretário de Políticas de Emprego e Salário do ministério, Daniel de Oliveira, avalia que a queda no emprego, embora menor, vai se repetir em março no país.
Recuperação no emprego, avalia ele, só no segundo semestre.
Para abril, as perspectivas na Grande São Paulo não são boas, acredita Mendonça -a taxa de desemprego deve voltar a crescer.
Os resultados de pesquisa da Fiesp no Estado de São Paulo, divulgada ontem, confirmam: o nível de emprego industrial ficou estável -caiu 0,08%- na segunda semana de abril. O acumulado neste mês mostra corte de 5.908 postos de trabalho industriais.
"O governo mantém a estabilidade da moeda mas segurar o crescimento econômico em 3% ao ano, taxa insuficiente para gerar empregos", diz Sérgio Mendonça.

Colaboraram Fernando Godinho, da Sucursal de Brasília, e a Reportagem Local

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