São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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Pau vira prova no caso do Pacaembu

DA REPORTAGEM LOCAL

Laertes Torrens, advogado que defende Adalberto dos Santos no Caso do Pacaembu, afirmou ontem que encontrou o pau utilizado por um torcedor não-identificado para agredir Márcio Gasparin.
A peça, segundo o advogado, foi encontrada há dois meses em um depósito do estádio e contém vestígios de sangue e de cabelo.
"Já realizamos exames informais que comprovam a legitimidade da prova. Vamos pedir que ela seja anexada ao processo, o que justificará a exumação da vítima", disse o advogado.
Isso será requisitado nos próximos dias e Torrens confirmou que tal prova era um dos trunfos que guardava para a defesa.
"O exame de DNA indicará que o sangue encontrado no pau é o da vítima. Assim provaremos que foram os golpes daquele torcedor não-identificado que causaram a morte", afirmou Torrens.
Seu cliente é acusado de homicídio doloso (intencional) por ter sido identificado pelas imagens da TV do conflito, ocorrido após jogo entre Palmeiras e São Paulo, em agosto do ano passado.
Adalberto e o torcedor não-identificado agrediram Márcio Gasparin, que acabou morrendo oito dias mais tarde. A defesa quer provar que os golpes desferidos por Adalberto não foram os que causaram a morte da vítima.
Assim, ele escaparia da pena de homicídio dolosos (de 12 a 30 anos) e seria julgado apenas por lesão corporal grave (de 1 a 5 anos).
"O pau que encontramos foi o utilizado por aquele torcedor não-identificado. É o da bandeira do escanteio, pintado de branco. E é de peroba, uma madeira duríssima. Com certeza, foram esses golpes, dados antes dos desferidos por meu cliente, que mataram a vítima", disse o advogado.
"A acusação utiliza a tese de co-autoria no crime. Isso é uma bobagem. Co-autoria significa contribuir para o resultado. O golpe dado por Adalberto não causou nem edema. A exumação vai provar tudo isso", declarou.
Eloísa Damasceno, promotora que deverá apresentar, até sexta-feira, as alegações para levar Adalberto a julgamento, não foi encontrada para comentar o fato até o fechamento deste edição.
Torrens já entrou com pedido de habeas-corpus, que deverá ser julgado em cerca de dez dias.

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