São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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E o Corinthians perdeu com o enredo do Santos

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Mário Sérgio está repleto de acertos quando diz que, há muito tempo, os chamados clássicos do Campeonato Paulista não apresentavam jogos tão empolgantes.
No próximo domingo, o Palmeiras, que vai se concentrar durante toda a semana, entra na valsa dos jogos entre os times mais tradicionais, enfrentando o rival São Paulo, em mais uma festa no interior.
Assim como havia sido escrito na peleja entre o Santos e o São Paulo, o alvinegro da Vila e o alvinegro do Parque fizeram uma performance viva, cheia de encanto, seduzindo -qual um filme de Spielberg- o olho do espectador.
O enredo até parecia o mesmo: de um lado, um time superior, com maior volume e a iniciativa da trama, aparentemente se impondo a um adversário mais acanhado.
No final, a vitória do aparentemente dominado sobre o dominador, pela diferença mínima possível nos dois casos.
Por vezes, o Corinthians relampeja o grande time que poderá ser: toque habilidoso, envolvente, fogoso, proporcionado pelo seu quadrado mágico, pelos quatro mosqueteiros: Marcelinho, Edmundo, Souza e Leonardo.
Quando o Souza está brilhante, o time parece ser um gigante insuperável.
Quando o Souza cai de rendimento, a equipe passa a depender exclusivamente da dupla Edmundo/Marcelinho.
No desfecho, o Santos da derrota contra o São Paulo e o Corinthians da derrota contra o Santos incorreram no mesmo erro fatal: apesar do caudaloso rio que corre no leito central, onde, com jogadores habilidosos dominaram as ações na zona intermediária adversária, os dois não tinham alternativas de navegação pelas beiras, pelas bordas, pelas margens.
Silvinho, pela esquerda, é um jovem valente, correto, promissor, mas ainda não tem a agressividade necessária para se tornar um bandeirante a abrir picadas no sertão adversário; Carlos Roberto é menos do que isso e André Santos, todos sabemos, poderá ser um bom zagueiro de centro ou um bom cabeça-de-área.
Assim, quem foi ao Pacaembu, no domingo, viu o Corinthians perder do Santos pelo mesmo argumento que ele, Santos, havia perdido para o São Paulo. Curioso, né?
*
O Santos anda mesmo "miguelando" na questão dos uniformes. As meias que ele usou, supostamente diferentes das do Corinthians, na verdade, serviam mais para confundir os jogadores em campo.
Se João Paulo Araújo tem dificuldade para ver outros erros, este era uma barbada.
*
25 mil torcedores no Pacaembu, no sábado. Mais 25 mil no domingo. Assim que eu gosto, assim que eu gosto.
O diabo é que aquele encapetado time de camisa verde parece não querer dar chance nenhuma para o campeonato...
Veja o quanto é importante ter opções de jogadas pelas laterais, para se obter gols no futebol com pouco espaço para criação que se pratica hoje.

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