São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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General paraguaio desafia presidente

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O general Lino César Oviedo, comandante do Exército do Paraguai, anunciou que não obedece mais ao presidente Juan Carlos Wasmosy -o que pode significar a iminência de um golpe de Estado no país.
Ele passou a desafiar o presidente devido a uma decisão de Wasmosy de destituir Oviedo e transferi-lo para a reserva.
Oviedo participou do golpe que derrubou Alfredo Stroessner (1989). Integrante do Partido Colorado, como Wasmosy, é pré-candidato à Presidência e uma das figuras públicas mais controvertidas do país.
Segundo as rádios paraguaias, o general teria dado um ultimato a Wasmosy para que reconsiderasse sua decisão.
As rádios, citando deputados paraguaios, afirmaram que o prazo de Oviedo venceria às 20h locais (21h em Brasília).
Em pronunciamento na TV na noite de ontem, o presidente confirmou a existência do levante. "Meu governo não tolerará nenhuma fissura nem debilitamento do processo de normalização institucional e democratização do país", disse Wasmosy.
A informação da demissão de Oviedo também teria provocado a concentração de militares leais a Oviedo em quartéis, segundo as rádios de Assunção.
O grupo Coloradismo Democrático, facção do governista Partido Colorado, começou a preparar manifestações de apoio a Oviedo.
Reações
A Embaixada dos EUA no Paraguai emitiu uma nota manifestando preocupação pela situação e qualificando os incidentes de "ameaça à democracia". Foi a primeira manifestação de um país estrangeiro em relação à crise.
O comunicado da embaixada diz que o país se propõe a "revisar uma gama completa de ações necessárias". "Seguiremos consultando os nossos amigos da Organização dos Estados Americanos."
Minutos depois, o presidente da Argentina, Carlos Menem, anunciou que telefonou a Wasmosy para prestar solidariedade.
Brasil
O presidente Fernando Henrique Cardoso conversou por telefone com Wasmosy pelo menos duas vezes. FHC e os presidentes da Argentina, do Uruguai e dos Estados Unidos acertavam ontem à noite uma espécie de conferência telefônica para tratar do problema no Paraguai e dar apoio a Wasmosy.
O ministro interino das Relações Exteriores do Brasil, Sebastião do Rêgo Barros, reuniu vários conselheiros do Itamaraty para decidir as medidas de apoio ao governo paraguaio.
Em nota que estava sendo preparada, o governo brasileiro comunicaria às Nações Unidas e à OEA que não aceita qualquer mudança da ordem jurídica instituída e iria adotar as medidas necessárias, no âmbito do Mercosul, contra o golpe -posição reiterada pelo embaixador argentino em Assunção, Néstor Aguada.

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