São Paulo, quarta-feira, 24 de abril de 1996
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Rede Cultura demite 63 funcionários

ARMANDO ANTENORE; ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rede Cultura, emissora pública de São Paulo, demitiu ontem 63 dos seus 1.282 funcionários. Os cortes atingiram as áreas técnica, administrativa e de programação.
A Folha apurou que o reajuste salarial dos radialistas, previsto para maio, motivou as demissões.
Desde março, o governo do Estado repassa à Cultura R$ 3,35 milhões por mês. Ocorre que só a folha de pagamento da emissora consome R$ 3,38 milhões.
Até agora, a empresa tenta equilibrar o orçamento captando dinheiro junto à iniciativa privada. Usa, para tanto, vários artifícios: parcerias, apoios culturais e venda de programas, mas tem obtido poucos resultados.
Os cortes de ontem ainda não atingem a meta estabelecida de reduzir em 20% os custos da Cultura. O problema é que, se fossem em maior número, o funcionamento da TV ficaria inviabilizado.
Em maio, os radialistas -que representam 80% da folha de pagamento- têm data-base. Para absorver o reajuste salarial da categoria, a Cultura acabou demitindo. O percentual de reajuste deverá ficar em torno de 15%.
"Esperamos que seja a última vez que os funcionários sofram as consequências de problemas de orçamento", disse Lia de Souza, 31, representante dos funcionários no Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, que controla a TV Cultura.
Um grupo de funcionários irá, na quinta-feira, conversar com os deputados da Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa. O objetivo é garantir recursos no orçamento do ano que vem e mobilizar resistência contra novos cortes.
Na própria fundação, eles tentarão abrir negociação para reverter algumas demissões consideradas "injustas" -como o caso de um funcionário que está a apenas dois anos da aposentadoria.
A Folha procurou ontem à tarde, na TV, o presidente da Fundação Padre Anchieta, Jorge da Cunha Lima. Recebeu a informação de que ele estava fora da cidade.
Em função da constante redução de verbas estaduais, a emissora já demitiu, desde o início do ano passado, cerca de 500 funcionários.
(Armando Antenore e Elvis Cesar Bonassa)

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