São Paulo, quarta-feira, 24 de abril de 1996
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Os lados da moeda; Gastos sociais; Miséria; Oriente Médio; Manual do bom administrador

Os lados da moeda
"O editorial 'O outro lado da moeda' (21/4) é um raio de bom senso que lança um desafio para todo o país. Reconhece o mérito da estabilização da moeda, mas cobra do governo a ação prometida para alcançar a justiça.
A dinamização da reforma agrária, as ações concretas nas áreas da saúde e da educação e a implantação do IRN (Imposto de Renda Negativo), que permitirá garantir uma renda mínima a cada brasileiro, são passos urgentes que estão ao nosso alcance.
A votação do projeto que institui o PGRM (Projeto de Garantia de Renda Mínima), já aprovado pelo Senado, tem sua votação prevista na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, com o parecer favorável do deputado Germano Rigotto, para a segunda semana de maio."
Eduardo Matarazzo Suplicy, senador pelo PT-SP (Brasília, DF)
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"A Folha apresentou em 21/4 um importante editorial visando a solução do problema social no Brasil; a proposta da Folha é no sentido de o governo gastar mais recursos no social.
Ocorre que as tragédias de Eldorado de Carajás, Corumbiara, Vigário Geral, Candelária ou da hemodiálise de Caruaru são uma consequência do Estado que faliu.
Outras tragédias virão, podem os senhores ter a absoluta certeza, até o dia em que o Estado deixar de se deteriorar por falta de recursos.
Não existe registro de falência do Estado com melhoria social, pelo contrário, as evidências são de que só após o Estado voltar a dispor de equilíbrio é que as condições mínimas para a solução dos problemas sociais poderiam se materializar.
A Folha propõe que o Estado venha ainda a aumentar mais os seus gastos. Como a Constituição de 88 não permite a redução de outras despesas, tal gasto virá a aumentar a falência do setor público e a crise social, em vez de melhorá-la.
A realidade é duríssima. Reformas constitucionais não vão passar, o Estado continuará ineficiente, caótico e falido, e novos investimentos vão ficar na intenção. A crise social vai piorar."
Igor Cornelsen (São Paulo, SP)
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"Fiquei simplesmente estarrecida com o editorial de 21/4. Os dados do Banco Mundial são berrantes. Só uma extrema má vontade do sr. presidente e de políticos corruptos pode desviar um montante três vezes maior para socorrer banqueiros polutos e ineptos quando um terço dessa soma poderia eliminar a pobreza do país.
Jamais poderia imaginar que o perverso coronelismo estivesse tão vivo. Isso é um crime que clama aos céus."
Viviane Chiezo (Campinas, SP)

Gastos sociais
"Ontem, nesta Folha, dois secretários do governo municipal mentiram escandalosamente ao afirmar que minha denúncia da redução dos gastos com a criança e o adolescente, pela prefeitura, é uma manipulação.
Os secretários não apresentam um único argumento que confirme essa acusação.
Desafio os secretários para, junto com um jornalista desta Folha, apresentarem os endereços das 131 novas creches que dizem ter instalado no município. No ano passado, das 56 creches previstas no orçamento, apenas uma foi construída.
Ocorre sim, por parte da prefeitura, manipulação do orçamento, já que o Executivo não realiza o que nós vereadores aprovamos. A administração malufista transfere, por manobras orçamentárias, recursos entre secretarias.
Do orçamento aprovado para 1995, 12,54% estavam destinados para a Educação; 11,74% para a Saúde; 4,74% para Bem-Estar Social; 3,89% para Habitação; 2,3% para Abastecimento; 1,83% para Cultura e 0,7% para Esportes. Totalizando 37,74% dos recursos da prefeitura para a área social.
Na hora da execução do orçamento as prioridades foram invertidas e a prefeitura acabou gastando apenas 24,35% com essas secretarias. Em compensação, estavam previstos 15,42% para a Secretaria de Vias Públicas, responsável pelas obras viárias, e foram gastos 18,01%.
Mesmo tendo sido cerca de 40% maior a arrecadação de 1995 em comparação com a do ano de 1992, a prefeitura gastou em 1995, em termos absolutos, menos nas áreas sociais.
Segundo dados do orçamento enviado à Câmara e corrigido pelo IPC-Fipe, em 1992, último ano da gestão petista, a prefeitura investiu R$ 1,6 bilhão nas secretarias sociais, contra os R$ 1,4 bilhão do ano de 1995.
Manipulação, senhores secretários, é misturar valores em real com valores em dólar, num período de desvalorização cambial."
Aldaíza Sposati, vereadora (São Paulo, SP)

Miséria
"Parabenizo a Folha pelo editorial 'Os requintes da miséria' (15/4). A respeito do parágrafo em que se prognostica a iminência do alcance de notoriedade pela incapacidade de se lidar com as dimensões da miséria no Brasil, devo afirmar que não se trata de possibilidade, mas, sim, de fato consumado.
Tal condição, certamente, seria argumento suficiente para que o Unicef sugerisse à Folha a criação de uma editoria específica para a discussão das questões sociais, com enfoque especial no trato dos problemas referentes à infância e à adolescência. Tratar-se-ia de uma contribuição ímpar à formação da opinião pública brasileira."
Agop K. Kayayan, representante do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Brasil (Brasília, DF)
Sem freios "Os deputados querem amordaçar a imprensa para ficarem sem freios e deitar e rolar."
Marcelo Pinheiro (Belo Horizonte, MG)

Oriente Médio
"Nada indica que o conflito milenar árabe-israelense caminhe para uma solução rápida.
O único caminho para uma paz duradoura na região consiste na devolução dos territórios ocupados, na criação de zonas neutras nas fronteiras e no desarmamento de ambas as partes."
Yvette Kfouri Abrão (São Paulo, SP)

Manual do bom administrador
"A nota 'Banpará' (16/4), pelos verbos empregados, admite a possibilidade de Jáder Barbalho provar sua 'inocência'.
Foi graciosa a imagem da 'trinca sagrada' Jáder/Sarney/ACM na TV.
A Folha bem que poderia publicar, em fascículos, um manual do bom administrador, elaborado pelos citados."
José Marcos Araujo (Erechim, RS)

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