São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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Agricultores criticam pacote de medidas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) condenou ontem o pacote de medidas do governo para agilizar a reforma agrária e a criação de um ministério para cuidar exclusivamente do assunto.
"A política agrícola tem de estar associada à política agrária, não se pode separar as duas coisas", disse Fábio de Salles Meirelles, da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, em nome de Antonio de Salvo, presidente da CNA.
As medidas foram anunciadas na segunda-feira após reunião entre representantes dos Três Poderes.
No pacote consta a adoção de rito sumário para desapropriação de terras e limitação do número de liminares para ações de reintegração de posse da área invadida.
Meirelles afirmou que as propostas do governo para acelerar o processo de desapropriação de terras causará insegurança entre os produtores rurais de todo o país.
Lembrou que a agricultura é uma dos grandes sustentáculos do Plano Real e afirmou que a produção agrícola pode cair, caso sejam adotadas as medidas do pacote.
"O produtor não vai querer investir na produção com medo de que sua terra seja invadida e desapropriada", disse.
Já o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Hugo Paz, comparou os problemas enfrentados pelo Ministério da Saúde, com o caso das mortes provocadas pela hemodiálise em Caruaru, para criticar a criação da pasta da Reforma Agrária.
"Seria a mesma coisa que criar o Ministério da Hemodiálise", disse, lembrando que já existiu um ministério exclusivo para o assunto que pouco fez pela questão agrária.
Por sua vez, os deputados da bancada ruralista consideram que o pacote inócuo. Segundo eles, só no Sul do país, cerca de 220 mil trabalhadores rurais rumarão às cidades neste ano devido à falta de infra-estrutura para o cultivo.
"O governo não consegue cuidar nem dos 'com-terra', o que dirá então daqueles que ainda não a têm?", ironizou o deputado Valdir Collato (PMDB-SC).
"Se o governo continuar a ignorar o problema da agricultura, em apenas 12 meses, vai voltar todo mundo que ele (FHC) acha que pode assentar em quatro anos", afirmou o deputado Abelardo Lupion (PFL-PR).

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