São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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Ação de garimpeiros chega a impasse

ABNOR GONDIM; LUCAS FIGUEIREDO
ENVIADOS ESPECIAIS A CURIONÓPOLIS

Chegou a um impasse a crise gerada com a interdição da estrada que liga Curionópolis (PA) à mina de Serra Pelada feita domingo por cerca de 300 garimpeiros.
Eles conseguiram paralisar as 12 sondas de pesquisa de ouro da Companhia Vale do Rio Doce.
A empresa e o juiz da cidade, Laércio de Almeida Laredo, não vão exigir a liberação da estrada, evitando entrar em choque com os garimpeiros.
A estatal trabalha ao redor do garimpo para levantar as dimensões da maior jazida de ouro do país, avaliada em 150 toneladas.
Os garimpeiros dizem que descobriram a mina em 1980 e querem participar da exploração da jazida.
Pelo cansaço
A estratégia da Vale é buscar negociar saída informal para o problema ou vencer os garimpeiros pelo cansaço, sem acionar mecanismos jurídicos para desobstrução das estrada e retomada do trabalho das sondas.
"Não é hora de chamar a PM (Polícia Militar)", reforça o juiz. "Estamos sob a maior riqueza do país e não vamos sair com as mãos abanando", disse Fernando Marcolino, presidente do sindicato dos garimpeiros de Serra Pelada.
"É um impasse social", analisa o delegado Vicente Costa, encarregado do inquérito civil do massacre de sem-terra.
O juiz de Curionópolis irá somente enviar um ofício aos garimpeiros informando que, de acordo com liminar concedida à Vale, em março passado, os garimpeiros terão que pagar R$ 10 mil de multa por dia enquanto mantiverem as sondas paradas. Um oficial deverá entregar hoje o ofício.
"Se os garimpeiros quiserem manter a estrada parada, tudo bem. Se quiserem quebrar as máquinas, tudo bem. Nós não vamos pedir força policial porque esse não é o momento", disse o gerente jurídico da Vale em Carajás, Ricardo Brito.
O juiz também mantém a posição de não requisitar a retirada dos garimpeiros pelo uso da força. "Preciso primeiro caracterizar que eles estão descumprindo ordem judicial", disse ele.
O juiz afirmou que não está disposto a adotar, por enquanto, uma medida dura. Prefere esperar uma solução pacífica para o protesto.

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