São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juro recua; dólar paralelo volta a subir

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As taxas de juros voltaram a cair no mercado futuro. A queda foi maior para os prazos mais longos.
Alguns fatores impulsionaram e explicam a queda.
O primeiro é que o mercado passou a contar com liquidez folgada no over para o mês de maio. Assim, os juros tendem a escorregar para o "piso", imaginado em torno de 2,6% de taxa-over.
O segundo foi o que os analistas de mercado qualificaram como o início da reforma do ministério.
A entrada do PPB no primeiro escalão do governo FHC, acreditam, reforça a base governista no Congresso e possibilita alguma agilização do processo de aprovação das reformas.
Existe ainda um terceiro fator. Para a maioria dos analistas, a queda dos juros é uma necessidade estrutural, que os índices de inadimplência refletem.
Mesmo a confusão em torno do acerto para as dívidas do Estado de São Paulo junto ao Banespa mostra que a política de juros estratosféricos virou um bumerangue.
Os juros elevadíssimos, que foram justificados pela incapacidade (ou incompetência) do governo de fazer um ajuste fiscal decente, tornaram o pagamento das dívidas em real impossível para micros, pequenas, médias e grandes empresas, além de boa parte, para dizer o mínimo, do setor público.
Na área de câmbio, enquanto o comercial (exportações e importações) continuou comportado no "piso" da minibanda, o "black" voltou a subir.
O paralelo fechou cotado a R$ 1,01 para compra e a R$ 1,02 para venda, com alta de 0,99%.
O ágio (diferença) entre o comercial e o paralelo voltou a subir, ficando em 2,9%. Na sexta, ficou em 0,59% e, anteontem, em 1,91%.
A diferença de preços, que ainda tende a se ampliar, pode, segundo os analistas, ressuscitar o "black" -mas não como alternativa de aplicação, apenas como o melhor lugar para vender dólares.
Não há, segundo eles, falta de papel no mercado, mas os doleiros enfrentam um problema de "cobertura". Isto é, com as novas regras para as contas de não-residentes (CC-5), ficou mais difícil trazer dólares de forma ilegal para o país.
As Bolsas e os títulos da dívida fecharam em baixa. É que o juro dos títulos norte-americanos de 30 anos voltou a subir.

Texto Anterior: Dibens incorpora o Battistella, do PR
Próximo Texto: Aposentados rejeitam reajuste de 15%; União terá de pagar R$ 495 mi à Petrobrás; Procon e Idec querem alterar planos de saúde; Para varejistas, país piorou em março; Pullman tem greve por participação nos lucros; Cresce 6% número de títulos protestados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.