São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996 |
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Wasmosy sela acordo, mas mantém crise
EMANUEL NERI
O ato, entretanto, não representou o fim da crise política, que começou na segunda-feira, quando Oviedo se recusou a deixar o comando do Exército. Após mais de 20 horas de negociações e ameaças por parte do militar rebelde, Wasmosy concordou em dar a ele o cargo de ministro da Defesa (leia texto abaixo). A posse de Oviedo no novo cargo -que, no Paraguai, não tem grande importância-, inicialmente prevista para ontem, acabou não acontecendo e não tem data. Juridicamente, é necessário que o ocupante do Ministério da Defesa seja um civil, e por isso é preciso esperar a publicação da passagem de Oviedo para a reserva. Após a cerimônia do Exército, Wasmosy passou o dia sem aparecer em público. Seus assessores disseram que ele foi para o interior do país, "descansar e refletir", mas há versões de que ele estaria reunido com outros políticos para discutir o desenrolar da crise. Com o rosto pintado de preto, milhares de jovens saíram ontem às ruas de Assunção para protestar contra o acordo. As maiores manifestações ocorreram diante do Congresso e do Palácio do Governo. Os manifestantes pediam a prisão de Oviedo. Mesmo as pessoas que não foram para as ruas manifestaram sua indignação com a ida do general golpista para o Ministério da Defesa. "Vergonha", diziam nas ruas, quando questionadas. Líderes dos partidos de oposição também condenaram o acordo. Rafael Casabianca, presidente do Senado, disse que politicamente o entendimento é péssimo para o país. "Espero que seja uma solução temporária", afirmou, referindo-se à ida de Oviedo para o Ministério da Defesa. As seções brasileira e argentina do Ceal -Conselho de Empresários da América Latina- emitiu nota apoiando Wasmsy. Embora frustrados com o desfecho da crise, os membros do corpo diplomático em Assunção acabaram concordando com a solução encontrada. "A política é a arte do possível", disse o embaixador brasileiro no Paraguai, Márcio de Oliveira Dias. Para Dias, não havia outra saída política para a crise. Junto com os embaixadores dos Estados Unidos e da Argentina, ele teve papel importante para a solução da crise. Segundo Dias, Oviedo tinha condições militares de dar o golpe e matar o presidente. Possuía o apoio dos 29 generais da ativa do Exército. "Seu único erro foi não prever a reação internacional." Próximo Texto: General ameaçou atacar residência do presidente Índice |
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