São Paulo, sexta-feira, 26 de abril de 1996
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Sem Telê, São Paulo 'relaxa' até na crise

Muricy combate má fase com descontração

ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com a má fase do time e às vésperas de um jogo decisivo contra o Palmeiras, os jogadores do São Paulo vivem um período de descontração desde a saída do técnico Telê Santana, em janeiro.
O novo visual dos atletas comprova isso. Hoje, o uso de cabelos compridos e brincos é comum. Na "era Telê", poucos se arriscavam a adotar um "estilo arrojado".
"O Telê tinha a fama, não comprovada, de pegar no pé de quem tivesse visual relaxado, brinco, cabelão ou cavanhaque", disse o zagueiro Thiago, que usa brinco.
"Assim, todos os jogadores que chegavam ao clube temiam desagradá-lo. Hoje, estamos mais soltos e descontraídos", acrescentou.
O volante Danilo, por exemplo, que veio dos juniores e hoje está jogando no futebol chileno, só usava seu brinco longe do Centro de Treinamento do São Paulo.
"Quando vim para o São Paulo, disseram que o Telê mandaria eu cortar o cabelo, como fez com o Macedo. Mas isso não aconteceu", disse o lateral Marquinhos Capixaba, que é um dos "cabeludos" do time ao lado do chileno Mendoza.
"Uso brinco desde que cheguei ao São Paulo e nunca tive problemas com o Telê. Neste ano, outros passaram a usar, como o André", disse o atacante Almir.
Exceção
O volante Belletti, ex-Cruzeiro, é uma exceção. Em vez de passar a usar brinco, ele retirou o seu.
"Clube novo, vida nova, visual novo", justificou o jogador.
O técnico Muricy Ramalho, que, segundo os jogadores, seria o responsável pelo ambiente descontraído, disse que não se mete "na vida particular dos atletas".
"Não me importo com cabelo comprido, brinco, ou em espionar jogador na concentração. Isso é coisa do passado", afirmou.
Segundo ele, "a cobrança deve ser rígida, mas feita com base no desempenho em campo."
Cartilha
A fase de descontração no São Paulo fez com que o "manual do atleta" -lançado por Telê no início do ano, com normas de comportamento- caísse em desuso.
"Ninguém mais fala no manual. Não é necessário, já que todos são bons profissionais", disse Muricy, que entende que houve uma radical mudança no comportamento dos atletas em relação a 1995.
"No ano passado, tinha gente negociando carro na fisioterapia, e o departamento médico ficava tão cheio que precisava pedir senha para entrar", afirmou.
"Havia também insatisfação. E a insatisfação é uma doença que vai passando de um para o outro. Hoje, o ambiente está melhor", acrescentou.

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